segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Num tá fácil pra ninguém...

Pomba libertada pelo papa é atacada por gaivota e corvo



É... a vida não tá fácil pra ninguém!

Na sua tradicional pregação pública do Angelus, no domingo, 26/01/14, acompanhado por crianças o papa Francisco libertou duas lindas pombas brancas.

Até aí, nenhuma novidade, já que o gesto é muito comum mundo afora.

O que ninguém esperava é que - assim "do nada" - aparecessem uma gaivota e um corvo para atacar as duas aves recém-liberadas.

A pobrezinha atacada pela gaivota só perdeu algumas penas, mas a outra perseguida pelo corvo levou muitas bicadas e não se sabe o seu destino.

Veja a sequência da "batalha aérea" nas fotos abaixo.







Mas há uma mensagem não programada no acontecimento. Uma mensagem visual.  O gesto da soltura
das pombas possui um significado especial para os católicos. A pomba branca, em si mesma é outro símbolo carregado de significados. A cena é de um palestrante acompanhado de crianças que  diante de uma multidão  realiza um gesto que seria reconhecido universalmente. Muitos cerimoniais ao redor do mundo, alguns de caráter não-religiosos, já repetiram tais gestos. Não é necessário ser um teólogo para interpretar os símbolos tomados por empréstimo em milhares de propagandas e anúncios, em diversos contextos culturais.  Temos um símbolo que foi perseguido por predadores. Temos uma mensagem que quase foi destruída pela invasão de terceiros. Temos nas cenas do evento religioso um gesto que evoca ternura quase transformado numa pequena tragédia, ainda que não anunciada.  Quando um gesto simbólico é mudado, nós temos imediatamente uma nova leitura.  Nós lemos a diferença entre um sorriso e um olhar de medo, entre o ato de estender a mão para cumprimentar um amigo e a diferença entre a mão estendida sem encontrar outra mão que repita o gesto.  Percebemos mudanças nas musicas, e conseguimos decifrar com muita facilidade uma expressão que é colocada a margem de um discurso. Uma palavra não dita ou uma aleração na entonação de uma palavra pode mudar drasticamente o significado de um discurso. 
Nós vemos diante dos nossos olhos uma mensagem ser escrita e reescrita por uma inusitada situação. E a nova leitura é dramaticamente diferente. 
Vivemos num mundo que nos sinaliza mudanças espirituais, materiais, sociais e financeiras. Vivemos num mundo em que vemos pombas sendo perseguidas por gaivotas e por corvos todos os dias. O que era pra ser festa transformado em um espetáculo macabro. Vemos coisas feitas com inocência, mas frágeis diante de situações mais complicadas, não tão inocentes e mortais. Se uma criança avistasse a cena iria ficar com pena das pombinhas e perguntar porque que as avezinhas não tinham amigos mais fortes que pudessem enxotar as rabugentas. Há uma mensagem fácil de ser lida no acontecimento. E não um mistério a ser decifrado. 
Vivemos num mundo em que intenções não são o bastante. Vivemos num mundo onde há uma guerra invisível acontecendo em cada coração humano.  Não é um presságio ou mal agouro, como ato de supersticiosos o que vemos acontecer. Não é uma profecia sobre a queda do Papado ou sobre o fim da humanidade o que a cena representa. É um retrato pintado sobre o que acontece hoje nos tribunais, nas cadeias, nos relacionamentos, nos bancos, na esfera política, na esfera administrativa, nas relações de trabalho e até mesmo, em situações espirituais.  
Sim, há uma mensagem que foi pregada pela confusão dos pássaros.
E não é uma mensagem de alegria. 
Antes, um alerta. 

   

 







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