Veja o trecho de reportagem abaixo de Cristina Papaleo Fonte: Deutsche Welle Online, Bonn – Redação Brasileira 27 02 2006
Carinho para combater a pobreza emocional
Tocar e ser tocado são necessários para o bem-estar físico e emocional do ser humano. Quando somos crianças, nos comunicamos sobretudo através da linguagem corporal mas, quando adultos, a linguagem predomina.
Cada vez menos "falamos" através de expressões de carinho, por meio de gestos, das mãos. Na era da internet e para contrabalançar as conseqüências da sociedade virtual, florescem no Primeiro Mundo as "festas da ternura".
As cuddle parties ficaram famosas há alguns anos em Nova York, introduzidas por um professor de judô, Reid Mihalko. Logo o fenômeno se espalhou por várias cidades européias.
Nas "festas do abraço" se oferece o contato para os que têm "fome de pele". Os participantes começam conectando-se consigo mesmos, depois com o chão, e, em seguida, com aqueles ao seu redor. Explorando dedos, mãos, cabeças.
Nesta "terapia da ternura", alguns se massageiam, outros se acariciam, enquanto há os que simplesmente permanecem quietos. O "intercâmbio energético" acontece em local protegido, o que parece satisfazer a busca de muitos participantes.
Estranho? Eles se reunem pra se abraçar. Logicamente que o contato DEMASIADO gera em alguns desejos sexuais e APÓS a dita festa eles se encontram para namorar. Porém tais reuniões mostram EFETIVAMENTE a carência de afeto, não suprida nem por parte dos pais, nem dos amigos, associações, clubes, colegas, oficinas do trabalho e nem por ninguém.
O mundo e as pessoas carecem de carinho e cuidado. O afeto manifesto através do toque foi deturpado por visões psicológicas numa entidade sexual degenerada. Sigmund Freud, pai de determinada ideologia da psicanálise, resumiu todo tipo de contato físico a uma interminável busca do ser humano pela realização sexual. Até a necessidade dos bebês de serem tocados foi incluido como "ato sexual" em sua psicanálise pervertida. A revolução sexual da década de sessenta, assim como a contínua degradação dos padrões morais, acompanhada no paradoxo de uma moral religiosa que quase proíbe o afeto natural, não cooperaram em nada no que diz respeito a necessidade humana de afeto. São duas correntes ideológicas: O liberalismo de um lado e a negação completa do afeto em nome de conceitos religiosos - releitura dos epicureus e dos estóicos, agindo como dois lados arranhados de um mesmo disco (essa metáfora é o mais impressionantemente exemplo de acronismo de toda a história da literatura deste humilde blog). A sociedade por sua vez, manchada pelo capitalismo, aumento de violência, convulsões sociais, isolacionismo social aperfeiçoado pelos games, internet, condomínios fechados, segregação sociais diversas, segregações raciais, conflitos religiosos, caminha francamente para a perda completa de valores que aperfeiçoem esta necessidade. Não se ensina ou se leciona nas instituições academicas a necessidade de afeto. Não há a cadeira - Carinho - nas disciplinas obrigatórias que formarão os futuros pedagogos.
A Igreja de Cristo recebeu um compromisso de amar ao próximo, de mostrar afeto, de exercitar sua pureza e manifestar carinho como INSTITUIÇÃO. Uma congregação cujos membros não se abraçam, onde o distanciamento segue normas comportamentais culturais ou oriundas de ética religiosa estão vivendo á margem do que poderia estar vivendo. Como o tocar é essencial para o desenvolvimento humano, a perda do toque ocasiona esfriamento das relações. Um dos mandamentos legados pelo apóstolo Paulo:
Paulo faz questão de lembrar o modo como os irmãos em Cristo deviam saudar-se : “com ósculo santo” Romanos 16:16; II Coríntios 13:12; I Tessalonicenses 5:26
A pureza é um dom, o afeto de irmãos, de parentesco, ou de querer se aproximar sem intenção sexual é fruto de operação continua do Espírito Santo, e do desejo de amar sem embaraços. As faixas etárias devem ser respeitadas, e quanto mais próximas forem as pessoas, quanto maior o nível de amizade, essa cortezia de sorrir, brincar, tocar-se de alguma maneira deve ser incentivado. Seja pelo aperto de mão do contato inicial, seja pelo beijo de despedida ou na chegada, seja através do aceno, manifestar de modo visível a alegria de estarem juntos.
Para que um dia os membros das igrejas não necessitem ir as grandes capitais do mundo em busca do Free Hugs (A "Free Hugs Campaign (Campanha dos Abraços Gratís) é uma campanha iniciada em 2004 em Sidney, Austrália por Juan Mann e amplamente divulgada em 2006 através de um videoclip no You Tube. Envolve pessoas que oferecem abraços para estranhos em locais públicos. A campanha é um exemplo de um ato de bondade e humanitário executado por alguém cujo objetivo é apenas fazer as pessoas se sentirem melhores.)
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