Há de chegar o dia
Em que o poeta magro
Atado, amarrado e acorrentado
Em meu interior
Será imputado como inocente
E posto outra vez
A merce da liberdade
Há de chegar o dia que
Este vestígio lúgubre
De alma pura
Será posto sob o teto de estrelas
E ainda cambaleante
Este magro ser
Alimentado de pão e sal
De água e dor
Colocará as mãos tremulas
Sobre as vistas desacostumadas
Deste novo amanhecer
Há de chegar o dia
Que este poeta cansado
Essa promessa desaparecida
Despertará em sua odisséia
De pão, sal, água e escuridão
E Tomará do punhado da terra
Entre suas magras mãos
E regerá as folhas das árvores
Quando vier o vento
E quando esse dia chegar
Seus pés se firmarão sobre as águas
E sobre a terra envilecida
O outrora corredor de sonhos
Relampejará sobre os mares
E gritará seus versos solenes
Derramando a poesia
Sobre a prosa insípida
Descrevendo em fantasia
Suas constantes divagações!
E há de chegar o dia,
Há sim! Eu sei!
Que a multidão dos que o odeiam
Terão nas mãos as lanças e as tochas
Gritando palavras de ordem!
E há de chegar o dia!
Em que durante a tropega fuga
Ainda sobrarão versos
Nessa dura empreitada
Da arte de compor com a alma
A vida que pra ser vivida
Haverá de correr!
Welington José Ferreira
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