terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sobre Salomão



7 Naquela mesma noite Deus apareceu a Salomão, e disse-lhe: 








Pede o que queres que eu te dê.








8 E Salomão disse a Deus: Tu usaste de grande benignidade com meu pai Davi, e a mim me fizeste rei em seu lugar.


9 Agora, pois, ó SENHOR Deus, confirme-se a tua palavra, dada a meu pai Davi; porque tu me fizeste reinar sobre um povo numeroso como o pó da terra.


10 Dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo; pois quem poderia julgar a este tão grande povo?


11 Então Deus disse a Salomão: Porquanto houve isto no teu coração, e não pediste riquezas, bens, ou honra, nem a morte dos que te odeiam, nem tampouco pediste muitos dias de vida, mas pediste para ti sabedoria e conhecimento, para poderes julgar a meu povo, sobre o qual te constituí rei,


12 Sabedoria e conhecimento te são dados; e te darei riquezas, bens e honra, quais não teve nenhum rei antes de ti, e nem depois de ti haverá.











 Salomão é o segundo filho de Betseba, esposa de Davi.  Das histórias sórdidas que fazem parte da história humana, a que envolve a paixão entre Betseba e Davi é uma das maiores. Ele, rei, vê a esposa de um dos seus mais bravos guerreiros, que fazia parte do mais poderoso grupo de soldados que a terra já presenciou, e ao vê-la se banhar próximo ao palácio, apaixona-se e através de um plano maquiavélico consegue não somente adulterar com a moça, mas também se torna o mandante da morte de seu oficial. Semanas de encontros com a esposa do oficial, é avisado de sua gravidez.  Após chamar a Urias do grupo em guerra a centenas de quilômetros, tenta de todas as formas fazer com que o guerreiro vá para casa, dispensa-o, concede-lhe um banquete, embebeda-o para que possa simular que o filho é dele, mas este se recusa de todas as formas a se aproximar de sua casa e de sua esposa, porque não queria ter privilégios que seus companheiros no campo de batalha não poderiam desfrutar.  Sem saída diante da grande fidelidade de Urias, envia num envelope LACRADO pelas próprias mãos do guerreiro a ordem que traria sua própria morte. Joabe, capitão do exército recebe das mãos do guerreiro uma carta com a ordem de colocá-lo no meio da pior frente de batalha num feroz cerco a uma cidade, com a ordem de deixá-lo sozinho no pior momento de contra-ofensiva. Urias não abriu o envelope, e mesmo quando é deixado sozinho, não recua diante do inimigo. E morre do jeito que viveu, cheio de dignidade. Joabe manda avisar a Davi que Urias está morto, e Davi dá a ele o enterro de um herói, assumindo inclusive após 30 dias de luto, a Betseba como uma de suas esposas. Diante do reino, um rei perfeito. Assumiu a esposa GRAVIDA de um de seus homens morto em combate. E tudo de modo tão dissimulado, que aos olhos de toda a nação nada transparece. Davi é duramente repreendido, no entanto, pelo profeta Natã. E por causa deste pecado, esse filho gerado em pleno adultério, morre.  Se lêssemos até ai, seria outra tragédia grega,  ou Shaksperiana, como Romeu e Julieta, Otelo no mar das tragédias humanas. Um grande homem morto pela lascívia de um rei. Uma criança morta pelo pecado de um homem. Dias após a morte deste filho de Davi, ele vai até ela novamente. Então se desenha uma nova história. O passado era terrível, mas agora ela era legitima esposa do rei. E a história recomeçaria. Ela engravida pela segunda vez. E é dito algo sobre aquela criança. “O Senhor o amou”.


Interessante. Não é dito isso nem mesmo de Davi. Nem de Abraão. Não é dito sobre a criança que morre “O Senhor a odiou”. Mesmo porque a inocente não tinha nada a ver com o que havia acontecido. Ela morreu porque leis espirituais foram quebradas com o homicídio doloso com agravante de traição cometido contra seu pai. Mas, agora, onde se espera a continuidade da “revolta celestial”, uma divida “eterna”, um “karma” a ser pago, um milagre acontece. Não havia herança maldita a ser continuada. Não havia passado, que influenciasse o futuro daquela criança. Ela foi chamada de “pacificadora” Shalom. Em português, Salomão.


Quando Davi era já idoso, as vésperas de sua morte, entroniza seu filho Salomão como herdeiro de seu vasto império. Um reino na época que se equivalia as grandes civilizações da antiguidade. Quando seu pai morre, o jovem herdeiro vai até um lugar separado, meditar. E lá acontece o extraordinário. Ele sonha de olhos abertos. Recebe uma visão, onde Deus se apresenta a ele. E ele escuta algo que todo ser humano gostaria de escutar:


Pede o que queres que eu te dê.


Salomão recebeu o direito de pedir a Deus, porque Deus assim o quis, tudo que assim o ele quisesse. Nem Moisés recebeu uma promessa tamanha. Nem os profetas, nem mesmo Davi. Nunca se leu tal coisa nas sagradas Escrituras até então.   


Pede o que queres que eu te dê.


O que você pediria aquele que TUDO pode conceder?


Salomão respirou profundamente e lembrou de todo a amor que Deus havia mostrado para com seu pai. Ele mesmo era fruto desse amor. Fruto de um milagre da graça. E faz um dos mais belos pedidos a Deus que um ser humano poderia fazer.


Dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo; pois quem poderia julgar a este tão grande povo?





Ele pede sabedoria.


E Deus lhe responde com fogo, ferro, vida e sal. Naquele momento ele assopra sobre o espírito de Salomão. E ele é cheio. Até transbordar. Até hoje a resposta divina me enche de expectativas, queima minha esperança e restaura minhas perspectivas. Sem sequer piscar, sem pestanejar, sem condição alguma, do modo como prometeu, assim o fez.





Sabedoria e conhecimento te são dados; e te darei riquezas, bens e honra, quais não teve nenhum rei antes de ti, e nem depois de ti haverá.





E assim foi.
Assim foi

Nenhum comentário:

Postar um comentário