sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A monstra

Monstruosa ela se arrastava feito um corvo torto numa noite de tempestade
Mórbida como um fantasma com os ossos a mostra
tremula como folha de capim em noite de vendaval
Se fosse mais feia matava de susto,
Se fosse mais torta nem a gravidade dava jeito
Ninguém sabia se ela ia ou se estava voltando
E ia a monstra horrenda sibilando e se arrastando
rejeitada pelos ogros
e temida por duendes
Tão horrenda a criatura
Dizem qua a morte até tentara
dar cabo de tamanho horror
mas ao olhar seus olhos negros
Até mesmo esse abismo
Jamais se recuperou...

Um dia entre as colinas
Se arrastando como sempre
Escorregou por entre as pedras
E entre as rochas se prendeu
E ouviu-lhe os rogos
Destemido caçador
E movido de coragem intensa
Esgueirou-se entre as rochas
Envolveu-a em suas cordas
E a monstra ele salvou.
O ser desprezado e rotundo
De feiura impar
E sem par
Esboçou um gesto timido
Baixou sua fronte sem brio
Acostumada a olhar o chão
Por toda a sua vida
E sem sequer uma palavra
caminhando ela se ia.

Mas ele não lha permitiu
Tomou de seu alforje vinho
De sua bolsa o pão
E sentado em meio as rochas

O caçador a serviu.

Tremeu ao comer do pão
Chorou ao beber do vinho

e adormeceu sem forças
Sem compreender porque

ao abrir seus olhos tinha mãos
E cabelos dourados como o sol
Seus pés que ela nunca avistara
Eram de alvura tanta
e suas pernas torneadas
sob um vestido imenso
Feito de púrpura
E Carmim
E ela que por toda vista se arrastara

Pelas colinas

Correu


Welington José ferreira

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