Querida Ambientalista. Como não poderia deixar de ser, declaro que os últimos momentos na busca de um lugar ao sol, ambientalmente falando, do árduo processo licenciatório de nossa futura Unidade Industrial caminha a passos largos graças a sua intrépida atuação. Comemoramos inclusive, há alguns dias, a emissão de uma licença prévia, conseguida a custo de técnica, atuação em conjunto e pouquíssimas ameaças de morte, após aquele idílico jantar naquele restaurante de pratos exóticos onde toda a equipe se regalou com pratos de canja de sagüi-bigodeiro, salada regada ao molho de doninha amazônica, aquela farta entrada de iguarias, tais como tamanduá bandeira e manteiga de garrafa, guisado de veado- campeiro preparado no mais alto padrão da cuisine nouvelle, seguido de peixada com boto-rosa, peixe-boi, Curimbatá, Jatuarana, Jurupoca e bagre. Embora eu não compreenda porque consideram os dois mamíferos citados anteriormente como parte da peixada. Tucano na telha, Mico leão Dourado a doré, ou seja uma noite de ampla culinária brasileira. Saímos daquele restaurante com certo questionamento ecológico, mas nada que não permitisse a alegria de brincarmos junto as margens do rio Paraná lançando aqueles pedaços de ostraca, papiros com escrita cuneiforme e aquelas moedas toscas, que você apelidou de didrakmas, com uma imagem de um leão sagrado andando e no verso a imagem de uma divindade qualquer com um cetro na mão direita, lá no meio do rio. Também não podia deixar de citar sua índole de exploradora, quase uma Tomb Rider do centro oeste ali no meio daquela mata... daquela empresa... que não lembro o nome, em que você deixou de lado... pequenos detalhes tais como: roupa de segurança, autorização para entrar na plantação de eucaliptos, reunião com o responsável pela área e essas coisas fúteis, só pelo puro prazer da aventura de ser caçada por seis seguranças fortemente armados que só recebem autorização de ver suas famílias se capturarem com ou sem vida ao menos um intruso na propriedade por mês.
Estávamos no avião da pilotado pelo estagiário que tinha síndrome de piloto da RAF, quando você me surpreendeu com seu vasto conhecimento da história brasileira, de como Leopoldina era apaixonada por Brendan Frasier, um figurante a ator, falastrão e fanfarrão que tinha um projeto de realizar um filme de ficção, gênero que não tinha sido sequer inventado ainda, sobre o antigo Egito ou coisa que o valha. Acho que era neto de uma prima em terceiro grau da princesa Isabel, aventureira e exploradora que na verdade, nas entrelinhas da história se reunia com Santos Dumont pra idealizar o primeiro dirigível que apoiou a Dom Pedro Segundo quando as Margens do Ipiranga gritou para um grupo de caboclos: - Aqueles que forem brasileiros que persigam aquele miserável do Duque de Caixias!
Fiquei cativado pela imagem doce da percepção botânica de Dom Pedro Segundo, grandioso amigo de Machado de Assis e que sonhava com a casa de Nápoles, assim como saber sobre o dramaturgo Conde D´eu. Fico imaginando as noites de boemia que Tereza Cristina, Leopoldina e o Conde de Saxe tocando:
“É isso aí! Como a gente achou que ia ser A vida tão simples é boa Quase sempre É isso aí! Os passos vão pelas ruas Ninguém reparou na lua A vida sempre continua”
naquele enorme piano Steinway no palácio Guanabara. O Barão de Cotegipe que era sócio do Lions também exerceu grande influencia nesse contexto todo. Inclusive a tal Regência tava sempre querendo blues. E as noites naquele castelo que o Conde D´eu tinha comprado na Normandia só se rivalizavam com a glória daquela mansão que Isabel mantinha em Paris. Como dizia a hindu, que se tornaria mais tarde Maharani de Karputhala, escrevendo em suas memórias que ela via a Princesa Isabel como uma verdadeira rainha, uma fada.
Infelizmente não deu pra continuar sua palestra belíssima porque já estávamos em São Paulo. Do resto eu lembro pouco, só de você sorrindo e dizendo...
...obliviate...
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