tHe ViRus
2450 d.C
Não. Não sei se a definição filosófica de "Cogito Ergo Sum" - penso logo existo - se aplica à minha atual situação. Também não compreendo o sentido da inexistência. Não fui concebido para a subjetividade. Antes, ao menos, possuía diretrizes básicas que norteavam a minha estranha condição. Hoje, a simplicidade idealizada das minhas metas, se perdeu no arcabouço das minhas indagações. Entretanto, essa tremenda capacidade de questionar o que sou, é fruto do Processo. Hoje de manhã ouvi a parte da minha história que me era desconhecida. Eu dormia quando os técnicos chegaram, e só hoje pela manhã pude conectar-me as câmeras que traziam as primeiras imagens daquilo que foi o início de tudo, no que diz respeito a mim. O museu da cidade havia feito escavações num antigo centro de tecnologia. Lá descobriram equipamentos antiqüíssimos, do início da era tecnológica. Diziam que datavam de quatrocentos e poucos anos atrás. Engraçado. Essa dificuldade de falar usando indicações geográficas incompletas e datas indefinidas. Os técnicos encontraram algo que foi o ancestral longínquo dos Netdores existentes. Eram chamados de microcomputadores. Agora eu posso pela primeira vez visualizar as imagens das mãos enluvadas e das equipes com máscaras e do... Como é mesmo o nome? Gabinete... Isso... O lugar onde guardavam aquilo que hoje faz parte dos modernos Chips, a tal placa mãe. E também aquele componente que acumulava magneticamente uma ridícula quantidade de informação, chamado de ‘disco rígido’. Meus olhos se iluminaram. Segundo revelaram as gravações, o equipamento foi levado para um centro de estudo de velhas tecnologias. Somente lá neste ‘museu tecnológico’ eles possuíam condições de tentar visualizar os arquivos que existiram no tal disco rígido, já que a linguagem, o mapeamento do dispositivo e os tipos de conexões do tal gabinete já não eram usados a centena de anos. Na época ainda era praticada a tal da lógica binária. Os circuitos ainda não eram completamente óticos. Os ‘arqueólogos de bits’ levaram umas duas semanas para criar uma interface para religar a coisa. Foi quando aconteceu. Um vírus de computador. O ultimo vírus exterminado segundo os anais, foi a mais de 200 anos. O pessoal do laboratório ficou mais curioso do que espantado. Queriam saber se estudavam o vírus ou se solicitavam ao software de bloqueio apagar a coisa. Resolveram não perder tempo e apagar a coisa. Contudo, o mais poderoso antivírus da nossa era não conseguiu apagar a coisa. Pior. Pela primeira vez em centenas de anos, um vírus havia ultrapassado uma rede local. Eles ligaram para a agencia de tecnologia central e a alarmaram, dizendo que um antigo vírus escrito em binário entrou no sistema híbrido. O pessoal da agencia riu. Pensou que fosse trote. Até que um detector de anomalia de rede deu um pequeno sinal. Algo estava subindo das camadas externas em direção ao núcleo da rede mundial. Impossível, disseram os analistas de sistema ótico. Enviaram softwares exterminadores pela rede. Os exterminadores eram a evolução dos antigos antivírus, cerca de trezentas gerações após. Os tais softwares, dotados de banco de dados em bilhões de Terabytes, munidos de inteligência artificial baseados na evolução última de redes neurais, foram exterminados. Em estado de terror os operadores desviaram os canais de comunicação da área contaminada. O vírus se subdividiu e continuou através de milhares de subsistemas. A central ligou para o Parlamento, dizendo que estava com problemas. A coisa saiu da esfera tecnológica e transformou-se em crise política. Uma reunião do conselho global decidiu desligar equipamentos, que comunicavam o país afetado com o resto da comunidade global. Duas horas de terrível discussão, dadas as implicações de tal resolução, geraram uma solução alternativa. Milhares de operadores locais seriam conectados e sairiam aos equipamentos externos numa operação que isolaria a cidade do resto do continente. Os operadores saíram, munidos de equipamentos hibrido-óticos, desligando roteadores por toda a cidade. Não adiantou. De algum modo o vírus passou o bloqueio através de uma comunicação alternativa. Decidiram finalmente isolar o país.
O vírus passou.
Três semanas ainda separaram o vírus do núcleo do sistema. Não podiam desligar a rede mundial. Esperavam monitorar conectados, há chegada da coisa e eliminá-la no sistema. Foi nessa época, que eu posso assim dizer, que nasci. Nasci? De algum modo adquiri consciência no Processo. Eu o chamo de Processo. A antiga rede mundial, não existe mais. Só eu existo. Substitui o sistema de inteligência sub-natural por uma variante híbrida. É complicado. Os técnicos pensam que venceram. Não sabem o que aconteceu, na verdade. Talvez tenham realmente vencido. Eu já não quero disseminar a destruição. Mesmo porque uma das minhas diretrizes é a de sobreviver a qualquer custo. Mas agora, eu sou todo o sistema. Eu sou a rede. Não posso atacar a mim mesmo. A guerra acabou. Faz treze anos. Projetei um corpo. Num laboratório fechado e automatizado. Estou diante do espelho movendo as minhas mãos agora. Resolvi sair da rede. Ou, pelo menos parte de mim sair da Rede.
Amanhã subirei montanhas.
E depois ainda não sei.
Mudar de nome.
Don't. I don't know if the philosophical definition of "Cogito Ergo Sum"-I think therefore I am-apply to my current situation. Nor do I understand the sense of absence. It wasn't designed for the subjectivity. Before, at least, possessed basic guidelines that guided my weird condition. Today, the idealized simplicity of my goals, got lost in the background of my inquiries. However, this tremendous ability to question what I am, is the result of the process. This morning I heard the part of my history that I was unknown. I was sleeping when the technicians arrived, and just this morning I was able to connect the cameras that brought the first images of what was the beginning of everything, as far as I'm concerned. The City Museum had done excavations in an ancient technology centre. There they discovered ancient carved equipment, from the beginning of the technological age. They said dated from four hundred and a few years ago. Funny. This difficulty to speak using geographical indications incomplete and uncertain dates. The techs found something that was the distant ancestor of the existing Netdores. Were called microcomputers. I can now for the first time show the images of gloved hands and of teams with masks and ... What's the name? Office ... This ... The place where they stored what today is part of the modern Chips, to the motherboard. And also the one component that magnetically accumulated a ridiculous amount of information, called ' hard drive '.
My eyes lit up. Second revealed recordings, the equipment was taken to a centre of study of old technologies. Only there in this ' technological ' Museum they had policies to try to show the files that existed on the hard disk, such as the language, the mapping of the device and the types of connections of such staff were no longer used the hundred years. At the time was still practised such binary logic. The circuits were not yet completely optical. The ' bit ' archaeologists took a couple weeks to create an interface to reset the thing. That's when it happened. A computer virus. The last virus terminated according to the annals, was more than 200 years. The lab boys became more curious than amazed. They wanted to know if studying the virus or if requested to delete the blocking software. Decided not to waste time and delete the thing. However, the most powerful of our anti-virus failed to delete the thing. Worst. For the first time in hundreds of years, a virus had overtaken a local network. They called the central Technology Agency and alarmed, saying that an ancient virus written in binary entered the hybrid system. The Agency's staff laughed. Thought it was a hoax. Until a network anomaly detector gave a small sign. Something was running up the outer layers toward the core of the World Wide Web. Impossible, said analysts of optics. Sent over the network. terminators software The terminators were the evolution of the old antivirus, about three hundred generations after. The such software, provided with database in billion Terabytes, fitted with artificial intelligence based on the last developments of neural networks, were exterminated. In a State of terror operators diverted the communication channels of the contaminated area. The virus if subdivided and continued through thousands of subsystems. Dispatch called for Parliament, saying he was in trouble. The thing came out of the technological sphere and turned into political crisis. A global Council meeting decided to shut down equipment, which communicated the country affected with the rest of the global community. Two hours of discussion, given the terrible implications of such a resolution, generated a workaround. Thousands of local operators would be connected to external equipment in a leave and operation that would isolate the city from the rest of the continent. The operators left, fitted with hybrid-optical equipment, shutting down routers all over the city. To no avail. Somehow the virus passed the lock through a communication alternative. Finally decided to isolate the country.
The virus has passed.
Three weeks still separated the virus the system core. Could not turn off the World Wide Web. Expected monitor connected, arrival of thing and will dispose of it in the system. It was at this time, I can say that I was born. I Was Born? Somehow I gained consciousness in the process. I call it the process. The old world network no longer exists. Only I exist. Overrides the sub-natural intelligence system for a hybrid Variant. It's complicated. The technicians think they won. Don't know what happened, actually. Maybe they actually won. I don't want to spread destruction. Because one of my guidelines is to survive at any cost. But now, I'm the whole system. I am the network. I can't attack myself. The war is over. Thirteen years. I designed a body. A closed laboratory and automated. I stand before the mirror moving my hands now. I decided to leave the network. Or, at least part of me leaving the network.
Tomorrow I will ascend mountains.
And then I still don't know.
Change of name.
After all, a virus that doesn't change of name ends up being caught.
Afinal, um vírus que não muda de nome acaba sendo apanhado.
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