Houve uma sombra, que decidiu assombrar a uma alma.
E a alma a enxotava. E lhe rugia.
Mas a sombra não desistia. Porque houve um tempo
Que a sombra não fora penumbra.
E nem sombra.
E ela se achegou a alma
E a amou
Mas a alma a desprezou.
Porque a alma que se imaginava viva
Tinha a sombra de pouco valor.
Até usou a sombra
E até deixou que ela
Se imaginasse amada.
Mas era só ilusão.
Porque a alma só amava a si própria.
Mas a sombra era impertinente.
E mesmo sentindo desprezada
Não desistia da alma
Pelo tanto que lhe amou.
Porque bem sabia a sombra
Que a alma era vazia
Que a alma era uma sombra.
E que ela sombra
Ainda que sombra
é que tinha alma.
A sombra usou todos seus recursos.
Então a alma num capricho
Se afastou da sombra tola
Que só enxergava a alma.
E a sombra ficou enferma
E a sombra quis esquecer.
mas a sua natureza teimosa
Era maior que a sua vontade.
E a sombra subiu as alturas
E passou das estrelas
E sem medo dos anjos
Mergulhou na própria luz.
E a luz que desfaz toda sombra
A abraçou
E a sombra já não era mais sombra
Em meio a luz
Era só voz.
E diante da luz verdadeira
Rogou pela alma que amava
Que a desprezou.
E a luz que tudo ilumina
A ouviu.
E a alma que andava em trevas
Viu uma grande luz.
E a alma que era uma sombra
Iluminada assim
Se desnudou
E viu que era uma sombra
Que se imaginava ser alma
E nada mais
E a sombra que se imaginava alma
Chorou
Sentindo saudade da sombra
Que um dia
Tanto lhe amou
E a alma subiu as alturas
E passou das estrelas
E sem medo dos anjos
Mergulhou na própria luz.
E a luz que compõe toda alma
A abraçou
E a alma já não era mais alma
Em meio a luz
Era só voz.
E diante da luz verdadeira
Rogou pela sombra que a amava
Que ela desprezou.
E a luz que tudo ilumina
A ouviu.
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