Ele caiu umas sete vezes antes de conseguir se ajoelhar definitivamente.
E lá de longe se ouviam as lamúrias, as ofensas e a continua gritaria
Ele desceu os montes apedrejado, ele correu por vielas envergonhado.
E seu crime era entender como crime
Qualquer coisa que se assemelhasse ao destino.
Deixou de lado os escrupulos religiosos
E as leis da ciencia.
Foi tão traído por gente tão próxima,
Que não sabia mais qual era a direção
As pedras e os cortes não causavam tanto incomodo
Quanto a dor que habitava
As distancias em seu coração.
Ai ele parou. Cansado.
E se ajoelhou.
Depois da sétima vez.
Que caiu.
Então ergueu sua voz.
Tremula, mas corajosa.
E assim falou:
Tudo que meu espírito contempla
Haverá de passar.
E tudo que minha alma imagina
Um dia, também
Haverá de passar.
Não a limite definido
Que permaneça eternamente.
As dimensões hoje separadas
Um dia se unirão.
Mas enquanto vivo,
Enquanto amo
Enquanto creio
Enquanto voz
Aquele que é a fonte
De todo espírito humano
Aquele que e o primeiro
E a razão de tudo o mais
Ouça.
Ouve tu,
Cujos caminhos são eternos
Que permanece mesmo após,
Tudo que há, tiver que passar.
Ouve tu,
Muda meu destino.
Minha sorte e meu caminho
Transforma corações
Derrama amor em gente
Que hoje vive em escuridão
Concede sentimento a quem
Não sabe sentir.
Opera milagrosamente
Subverte as leis da eternidade
Muda a equação da vida
Destrói a morte.
Destrói o caminho
Que leva a desgraça
E faz da desgraça
Uma mera lembrança
Trás pra perto de mim
Quem tanto amei
E segura com tua mão
As trevas, a sombra e a escuridão
Ressuscita os mortos
E destrói a morte
Pra sempre.
Que a lei que hoje diz
Pra todo homem morrer
Cesse
Ouve minha voz.
E subverte o tempo
O medo,
E tomar minha dor
Toda a dor
E transforma
Em alegria.
Então ele se levantou.
Sacudiu de si o pó.
Limpou o suor do rosto.
E correu.
Sorrindo...
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