quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Jessica e o texto de Isaias 28

Minha filha!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! que escreveu.....




“E se, se eu”... -> Sobre Marés e Angra, Rosa de Saron.


Ela piscou pra mim com seus olhos azuis-piscina enquanto sorria alegremente em meio a um jantar familiar nada rotineiro, dada a minha presença no recinto.
Eu sorri em retorno. Um pouco depois disso, Ela abraçava seu Infante com carinho e alimentava-o com macarrões coloridos, que em resposta a perguntava o que era aquela “coisa verde” debaixo das tiras de queijo parmesão dispostas em seu prato.

Então tornei minha cabeça para a direita e o vi. Ele. “Meu Ele” e o “Ele dela”, o outro filho que desconcertado, como sempre fica em frente a Ela, deu um sorriso discreto em meio a um meneio usual com a cabeça, como quem partilha um segredo com um único outro alguém que o conhece. E em meio à refeição, brotaram alguns assuntos brevemente discutidos, como programas de televisão que deveriam ter começado às dez da noite tendo sido adiantados em duas horas, ou o fracasso político que se vivia em meio à época de eleição.

Conversa pra lá, conversa pra cá, alguns temas belicosos suavizados pela simpatia dos debatedores, os quais também deixei de lado em prol da sempre presente ética, e no relógio os ponteiros avançam furiosamente indicando o aprofundamento a noite que se tornava cada vez mais densa, até que chegou a hora de partir. E parti.

Abraços, beijos, adeus e solidão, daquele tipo saudável que se faz uso para que se processe o dia e se notifique o avanço em relação ao passado e a preparação pro futuro. E batiam sem dó os pneus no asfalto esburacado que rapidamente me conduziriam ao lar.

Foi em meio à descida que levava pra casa, enquanto desviava de possíveis moradas de ratos, que percebi a lua, e o céu, e me lembrei daquEle que os havia feito. E sorri. Porque ali, onde ninguém me via, podia conversar com Ele.

Pedi o que se pede de Quem tudo sabe. Direção, discernimento, perdão... E me foram abertos os olhos pra escuridão daquela noite, e da noite que em vida se aprofunda cada vez mais, que passa desapercebida em meio a tentativas artificiais de se prolongar forçadamente a segurança do dia.
.
.
.

“Sav lasav sav lasav. Kav lakav kav lakav”, li, primeiramente sem entender muito o que a Palavra dizia.
“ Ordem sobre ordem, ordem sobre ordem, regra e mais regra, regra e mais regra; um pouco aqui e um pouco ali, para que saiam, caiam de costas, firam-se, fiquem presos no laço e sejam capturados.
Portanto, ouçam Palavra do Senhor, zombadores (...)”. Isaías 28:13-14

E continuei a ler:
“Vocês se vangloriam, dizendo: “Fizemos um pacto com a morte, com a sepultura fizemos um acordo. Quando vier a calamidade destruidora, não nos atingirá, pois da mentira fizemos o nosso refúgio e na falsidade temos o nosso esconderijo.
Por isso, diz o Soberano, o Senhor:
“Eis que ponho em Sião uma pedra, uma pedra já experimentada, uma preciosa pedra angular para alicerce seguro; aquele que confia, jamais será abalado.
Farei do juízo a linha de medir e da justiça o fio de prumo;
O granizo varrerá o seu falso refúgio, e as águas inundarão o seu abrigo.
Seu pacto com a morte será anulado; seu acordo com a sepultura não subsistirá.
Quando vier a calamidade destruidora, vocês serão arrastados por ela. Todas as vezes que vier, os arrastará;
Passará manhã após manhã, de dia e de noite.”

E por fim, li: “A compreensão dessa mensagem trará pavor total”. Isaías 28:15-19.

Parecia brincadeira, aquelas palavras ali. Pensei: o que querem dizer? Como assim pavor total? Não fala de Cristo?

Voltei para cima e reli o “sav lasav sav lasav, kav lakav, kav lakav” que significam “Ordem sobre ordem, ordem sobre ordem, regra e mais regra, regra e mais regra; um pouco aqui e um pouco ali” (Isaías 28:10).
Esse, na verdade é um jogo de palavras feito pelo Senhor. Os profetas estão todos bêbados. Não respeitam mais os rituais, esqueceram-se da santidade, tornaram-se impuros, desrespeitaram a Lei, os princípios, que são o próprio Senhor.
Pensei na Igreja dos dias de hoje, e numa questão que muito me tem incomodado, que é a do Senhor falando à Igreja. Pensei que fazia tempos que não o ouvia, e que já não sabia mais quando falava. Quando li o texto, em minha mente foram evocadas imagens dos profetas dos dias de hoje, dizendo “sav lasav, kav lakav”... Porque estão bêbados! Tanto zombaram da Palavra do Senhor e de seus dons, que Ele se calou. Aquilo que temos ouvido e vivido, são as “visões que vêm da bebida fermentada”. Essa é a realidade em grande parte da Igreja hoje. (*)

“Quem é que está tentando ensinar?,” eles perguntam. “A quem está explicando sua mensagem? A crianças desmamadas e bebês recém-nascidos”.

“A compreensão desta mensagem trará pavor total”.

Pensei então nEla. E no Infante. E nEle, o meu. Pensei nos outros que conheço, naqueles que não fazem parte da família do Senhor, que não o conhecem.

Pensei nos momentos em que me omiti, em que não disse nada. Pensei nos vários assuntos belicosos diante dos quais me calei, mergulhada na incerteza manchada pelos valores éticos que têm sido colocados diante de mim, no quanto tudo tem se tornado tão relativo, tão “dependente de pontos de vista”, tão encravado na esfera do “respeito”.

E vi o futuro escuro que estava por vir. Vi o fim dos tempos. Vi o dia em que todos estaremos frente a frente com todos aqueles a quem conhecemos. O dia em que nossa memória não estará limitada por nossa fraqueza corporal, e em que nossos espíritos aguardarão em conjunto pelo julgamento do Senhor. O dia em que todos saberão a verdade.
E a vi do outro lado, a moça sorridente dos olhos azuis, dessa vez imersos em lágrimas, abraçada ao Infante e me perguntando por quê.

“Por que você nunca disse nada pra mim? Por que você não foi um pouquinho mais rude? Por que? Quão importante era a ética, que valia mais do que as nossas vidas? Que respeito é esse que você tanto queria mostrar que você achou mais importante do que nos salvar? Será que aquela vida era tão valiosa assim? Que eu poderia viver como eu quisesse, cavando a cova cada vez mais profunda dos meus filhos, sem saber aonde iria parar? Por que você não me disse? Por que não me avisou?”
Nesse momento eu parei onde estava. Congelei-me no lugar. Não me mexia, porque via a fila de espera do futuro, e todas as faces que já conheci. E pensei se veria a todos por quem já passei, com quem falei, as oportunidades que perdi... Pensei se, ainda que eu fosse salva, ainda que fosse para o céu, ainda que um dia soubesse que seria invadida por uma alegria eterna vinda da presença do Senhor, pensei se me lembraria de quem deixei pra trás. Se eu seria, por um momento, como aqueles de quem Jesus fala em Mateus, que pregaram em Nome do Senhor, mas Este não os conhecia, que não o deram de comer quando tivera fome, nem de beber quando tivera sede e que não o vestiu quando teve frio...

E me apavorei totalmente quando compreendi a mensagem.
Porque vi a eternidade e imaginei as esposas que olhariam para o lado e não veriam seus maridos. Para as mães que não veriam os filhos. Para os amigos que seriam perdidos. As lacunas onde deveria haver gente. Para os lugares reservados para a minha família, ali, intactos.

Me apavorei porque Ela e Ele e o Infante, a família e os amigos, e os passantes todos andam por caminhos errados.

Porque “se vangloriam” achando que encontraram o Caminho, quando na verdade, fizeram um pacto com a morte. Porque creem que nada lhes acontecerá, que estão salvos da calamidade destruidora. Porque acham que nela têm o seu esconderijo, quando na verdade o juízo e a justiça cairão sobre aquilo que dizem ser o seu refúgio, sem deixar “pedra sobre pedra” (Mateus ***). Porque seu pacto com a morte será anulado; seu acordo com a sepultura não subsistirá. Porque serão arrastados, “manhã após manhã, de dia e de noite”, junto com a enxurrada de falsas doutrinas sobre as quais construíram suas moradas.
.
.
.

“Eis que ponho em Sião uma pedra, uma pedra já experimentada, [que é Cristo], uma pedra angular para alicerce seguro; aquele que nela confia, jamais será abalado”.

.
.
.

“ A compreensão dessa mensagem trará pavor total”.

“A cama é curta demais para alguém deitar-se, e o cobertor é estreito demais para ele cobrir-se”. Isaías 28:20

Aquilo que parecia local de descanso, provou-se insuficiente. O que era destinado à proteção, já não é capaz de cobrir aquele que dele necessita para cobrir-se.

Pavor total.

“Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que? Por que?”

Sav lasav sav lasav, kav lakav, kav lakav.

O que você tem dito?

Nenhum comentário:

Postar um comentário