quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Superpato






O meu herói predileto dos quadrinhos quando criança era o Pato Donald. Antes de saber sobre o Superhomem, Batman, Homem Aranha e Cia, meu universo de quadrinhos só conhecia a Monica e o Pato Donald. Meu pato predileto contudo carecia de uma aura de heroísmo indômito.
O Carl Barks bem que ainda tentou e muitas vezes honrou as penas do pato com aventuras espetaculares. Mas foi na época do Superpato que o Dolnald ganhou meu maior respeito. Por algum motivo, ele foi até um casarão e lá encontrou as vestes de um antigo herói, suas armas, seus segredos de combate ao crime. Com a ajuda do Prof. Pardal, criou algumas engenhocas para auxiliá-lo, e presto! Havia nascido um invencível combatente do crime. De dia o velho pato.
Na noite, uma mistura de Pato Donald e Batman.





Páscoa - Quando perderam a Jesus.

PASSACH Celebração da Pessach na época do Segundo Templo
Pessach caracterizava-se por ser uma das três festas de peregrinação ao Templo de Jerusalém. Um mês antes da festividade , Jerusalém tinha suas estradas reformadas e poços restabelecidos para garantir o conforto dos peregrinos. Geralmente todos aqueles que distanciavam trinta dias de jornada de Jerusalém vinham para as festividades, o que aumentava a população de cerca de 50 mil para cerca de três milhões. Estes peregrinos geralmente hospedavam-se na cidade e cidades vizinhas, acampando ou em casa de conhecidos. Em 14 de Abib [= primavera, mês assim chamado pela Torah que corresponde ao primeiro mês do ano, comumente chamado de Nissan], pela manhã, o chametz (alimento fermentado) era eliminado e os sacerdotes do Templo preparavam-se para Pessach. O trabalho secular encerrava-se ao meio-dia e iniciavam-se os sacrifícios às quinze horas. A oferenda de Pessach constituía-se de cordeiros ou cabritos, machos, de um ano de idade, e abatidos pela família (era permitido um cordeiro por família) em qualquer lugar no pátio do Templo. O shochet [açogueiro ritual] efetuava o abate, e o sangue era recolhido pelos cohanim [sacerdotes] em recipientes de prata e ouro, que passavam de um para outro até o cohen próximo ao altar, que derramava o sangue na base do mesmo. O recipiente vazio depois retornava para novo uso. Estes recipientes não podiam possuir fundo plano par evitar a coagulação do sangue. Em seguida, o animal era pendurado e esfolado, e, aberto, tinha suas entranhas limpas de todo e qualquer excremento. A gordura das entranhas, o lóbulo do fígado, os dois rins com a gordura sobre estes e a cauda até a costela eram retirados e colocados em um recipiente, salgados e queimados sobre o altar. As oferendas de Pessach eram feitas em três grupos, cada um tinha, no mínimo, trinta homens. O primeiro grupo deveria entrar e quando o pátio do Templo estivesse cheio, os portões eram fechados. Os levitas entoavam o Halel [salmos 113-118] e repetiam-no (se necessário) até que todos houvessem sacrificado seus animais. A cada vez que o Halel era entoado, os cohanim tocavam três toques de shofar [trombeta de chifre de carneiro]: Tekiá, Teruá e Tekiá. Após a oferenda queimada das partes do sacrifício, os portões eram abertos, o primeiro grupo saia, e entrava o segundo e iniciava-se novamente o processo. E assim com o terceiro grupo. Após todos terem saído, lavava-se o pátio da sujeira que ali acumulara. Um duto de água atravessava o pátio do Templo e havia um lugar por onde ele saía. Quando queria se lavar o chão, era fechada a saída e a água transbordava inundando o recinto. Depois, abria-se a saída e a água saia com todas as sujeiras acumuladas, ficando o chão completamente limpo. Deixando o templo, cada família carregava seu animal sacrificado e o assava, fazendo em suas casas uma ceia festiva, onde todos se vestiam de branco. Esta ceia seguia os princípios do atual sêder de Pessah, com exceção da inclusão do cordeiro pascal. Após a ceia, muitos iam para as ruas festejar, enquanto outros iam para o Templo, que abria suas portas à meia-noite .
Com a destruição do Segundo Templo,
A impossibilidade de haver um local de reunião e sacrifício, impossibilitou a continuação dos sacrifícios de cordeiros. Inicia-se então a transformação de Pessach em uma noite de lembranças, sem o sacrifício pascal. Pessach é hoje uma festa central do Judaísmo e serve como uma conexão entre o povo judeu e sua história. Antes do ínicio da festa, os judeus removem todos os alimentos fermentados (chamados chametz) de seus lares e os queimam. Não é permitido permanecer com chametz durante a Pessach. Os objetos de chametz são escondidos, e, outros, passíveis de um processo de casherização [purificação] são mantidos; os utilizados para cozinhar passam pelo fogo, e os de comidas frias passam pela água. É proibido realizar qualquer trabalho depois de meio-dia de 14 de Nissan, ainda que um judeu possa permitir que um goy [não judeu] realize este trabalho. A festa de Pessach é antes de tudo uma festa familiar, onde nas primeiras duas noites (somente na primeira em Israel) é realizado um jantar especial chamado de Sêder de Pessach. Desta refeição somente devem participar judeus e gentios convertidos ao judaísmo. Neste sêder a história do Êxodo do Egito é narrada, e se faz as leituras das bênçãos, das histórias da Hagadá, de parábolas e canções judaicas. Durante a refeição, come-se pão ázimo e ervas amargas, e utiliza-se roupa de sair para lembrar-se do "sair apressado da terra do Egito". Kadesh (קדש - santificação): Recitação do kidush [oração da consagração do dia do sábado ou dia de festa, quando o chefe de família, com o copo de vinho na mão, dá graças pela criação e a libertação do Êxodo] e a ingestão do primeiro copo de vinho. Urchatz (ורחץ - lavagem): Lavagem de mãos. Karpas (כרפס): Mergulha-se karpas (batata, ou outro vegetal), em água salgada. Recita-se a bênção e a karpas é comida em lembrança às lágrimas do sofrimento do povo de Israel. Yachatz (יחץ - divisão da matzá):A matzá [pão ázimo] é partida ao meio e embrulha-se o pedaço maior e separando-o de lado para o Afikoman Maguid (מגיד - conto): Afikoman refere-se à matzá escondida em Yachatz, comida ao final da refeição. Conta-se a história do êxodo do Egito e sobre a instituição de Pessach. Inclui a recitação das "Quatro perguntas" e bebe-se o segundo copo de vinho. Rachatzá (רחצה - lavagem): Segunda lavagem de mãos. Motzi Matzá (מוציא מצה): O chefe da casa ergue os três pedaços de matzá e faz as bênçãos das matzot. As matzot são partidas e distribuídas. Maror (מרור -raiz forte): São comidas as raízes fortes, relembrando a escravidão e o sofrimento dos judeus no Egito. Korech (כורך -sanduíche): Faz-se um sanduíche com a matzá, maror [amargo] e charosset [mistura de macãs, nozes, amêndoas, tâmaras ou passas trituradas, cuja cor lembra a do barro do qual eram obrigados os israelitas a fazer tijolos . Shulchan Orech (שולחן עורך): É realizada a refeição festiva. Tzafon (צפון - escondido): Aqui é comida a matzá que havia sido guardada. Barech (ברך - Bircat HaMazon): É recitada a bênção após as refeições. Bebe-se o terceiro copo de vinho. Halel (הלל -louvor): Salmos e cânticos são recitados. Bebe-se o quarto copo de vinho. Nirtza (נירצה - ser aceito): Alguns cânticos são entoados e têm-se o costume de finalizar o jantar com os votos de LeShaná HaBa'á B'Yerushalaim - "Ano que vem em Jerusalém" como afirmação de confiança na redenção final do povo judeu. (Todas as ch equivalem ao j espanhol).
CHAG MATZOT :
(festa dos pães ázimos) é o nome dado aos sete dias de comemoração após Pessach. De acordo com a Torá é proibido ingerir chametz durante este período. Sete dias você comerá matzot, mas no primeiro dia manterá a levedura fora de sua casa; porque aquele que comer pão fermentado será cortado do povo de Israel. O primeiro dia será uma festa, e o sétimo dia será uma festa; nenhuma forma de trabalho será feita, exceto o trabalho que gera alimentação. Observe este dia de uma geração em geração para sempre. No décimo quarto dia do primeiro mês ao por do sol comerás pão sem levedura, até o vigésimo primeiro dia do mês à noite (Êxodo, 12: 14-18). E Moisés disse ao povo: Lembre-se deste dia no qual saiu do Egito, da escravidão; pois por força de sua mão, Deus te tirou daquele lugar, e nenhum pão fermentado será comido. Você está se libertando neste dia do mês de Abib. Assim, quando Deus o levar para a terra dos Canaanitas, dos Hititas, dos Amoritas, dos Hivitas, e dos Jebuseus, que Ele jurou a seus pais lhes dar, uma terra onde flui o leite e o mel, você manterá este serviço neste mês. Sete dias você comerá pão sem levedura, e no sétimo dia será uma festa de homenagem a Deus. ( Êxodo 12, 3-6).
CURIOSIDADES:É costume se estudar as leis referentes a Pessach trinta dias antes da festividade. Em Israel, é fornecida farinha e outras necessidades aos pobres para que nada lhes falte em Pessach. O dinheiro para estas necessidades é originado de um imposto à comunidade. Os primogênitos devem jejuar na véspera do Seder para relembrar a salvação dos primogênitos das pragas do Egito. As sinagogas costumam executar um Sium Massechet (término de estudo de uma Guemara), onde o primogênito que presencie o Sium não precise realizar o jejum. Os judeus caraítas [judeus que não admitem o Talmud] defendem que a palavra Pessach seja utilizada apenas em referência ao sacrifício, e não à festividade de Chag haMatzot. Os judeus samaritanos que defendem a santidade do monte Garizim, continuam realizando os sacrifícios pertinentes à Pessach até os dias de hoje. Como não é economicamente viável jogar fora vários chametz [alimentos fermentados], como por exemplo bebidas alcoólicas derivadas de cereais e de alto valor, como whisky, existe uma forma tradicional de venda do chametz, a Shetar harshaá.
OS DOZE ANOS: Quando pois, sucedeu os doze anos (sic), subindo eles a Jerusalém seguindo o costume da festa, (42) e completados os dias, ao voltarem eles, permaneceu Jesus, o filho, em Jerusalém e não conheceu Josef e a mãe dele (43). Consummatisque diebus cum redirent remansit puer Iesus in Hierusalem et non cognoverunt parentes eius and fulfilling the days, in their returning, the boy Jesus stayed in Jerusalem. And Joseph and His mother did not know. DOZE ANOS: Embora a idade era dos 13 anos após o (בר מצוה) [lido de esquerda para direita nesta ocasião] BAR MITZWA [filho do mandato], em que o menino era considerado maior de idade e portanto filho do mandato. Desde o aniversário dos 13 anos, o menino estava sujeito aos 613 mandatos da lei e por outra parte adquiria o privilégio de ser contado entre os Minyan (literalmente número), que era o número mínimo para formar o culto na sinagoga. Muitas vezes, eram pagos porque deviam deixar o trabalho para resolver os assuntos comuns e religiosos que exigiam sua presença. Ao cumplir os 13 anos, o rapaz não é mais inocente e se torna responsável por suas ações de modo que os pais não são mais responsáveis pelos pecados de seu filho e por isso dão graças a Deus. Ele é legalmente considerado pessoa válida para contrair matrimônio segundo as leis judaicas. Segundo algumas tradições ele já é considerado adulto após dois pelos púbicos sejam observados. É bem verdade que a festa tal e como a conhecemos tem uma data inicial tardia, século XV. O primeiro Sábado que segue seu 13o aniversário é o dia de seu Bar Mitzwa. Mas antes disso o adolescente preparava-se aprendendo as noções fundamentais da história e tradições judaicas, as orações e costumes do povo, estudando os princípios que regem a fé judaica. Nesse sábado da comemoração o jovem recitava um capítulo da Torah e um capítulo dos profetas (Haftará) com a melodia tradicional para estes capítulos, baseada numa escala de notas musicais padronizadas para a leitura em público dos dois capítulos. Era chamado para recitar as bênçãos da Torah chamado em hebraico Aliyah עֲלִיָּה, do verbo alah עָלָה, que significa levantar-se, subir, ascender. A cerimônia religiosa era depois acompanhada com uma reunião festiva e familiar. Podemos dizer que era como a primeira comunhão. Escrito o original em aramaico, talvez possamos compreender que 12 e 13 se confundem e que Jesus teria os treze anos. Mas como temos visto aos 12 anos já entrava dentro dos exercícios de preparação e isso talvez seja o que Jesus disse a Maria: Devo ocupar-me das coisas de meu pai (2, 49). Os 613 mitzvot (do hebraico:תרי"ג מצוות ou Taryag mitzvot), sendo TaRYaG um acrônimo do valor numérico 613 é o nome dado ao conjunto de todos os mandamentos que de acordo com o judaísmo constam na Torah. Deles, 248 são positivos, que ordenam a realização de certas atuações e 365 sâo negativos correspondentes aos dias do ano e os 248 correspondem ao número de ossos ou órgãos importantes no corpo humano. Três dos mandamentos negativos envolvem yehareg ve’al ya’avor que significa que uma pessoa deve se deixar ser morta ao invés de violar este mandamento negativo e são assassinato, idolatria e relações proibidas. Os rabinos acrescentaram mais 7 mandamentos conhecidos como Mitzvot derabanan [mandamentos rabínicos] O Talmud calcula que o valor numérico da palavra hebraica "Torá" é 611. Portanto, os 611 mandamentos de Moisés combinados com os dois diretamente vindo de Deus somam 613.
PERDIDO: Assim, terminados os dias, ao voltarem eles, permaneceu Jesus, o menino, em Jerusalém e não conheceu Josef e a mãe dEle (43).Todavia, considerando Ele estar na caravana regressaram um caminho de um dia e o procuravam entre os familiares e os conhecidos (44). Consummatisque diebus cum redirent remansit puer Iesus in Hierusalem et non cognoverunt parentes eius. Existimantes autem illum esse in comitatu venerunt iter diei et requirebant eum inter cognatos et notos. JERUSALÉM: יְרוּשָׁלַיִם (Yerushalayim) O nome procede das palabras shalem ou shalom (שלם'), que significa paz e yeru (ירו), casa ou ciudad, pelo qual significa casa ou cidade da paz. Desde os tempos de Nosso senhor a cidade tem sido conquistada 11 vezes e destruída totalmente 5. Segundo a opinião dos arqueólogos a Jerusalém bíblica descansa sobre uma capa de entulho de 20 m de altura. É impossível reencontrar a Jerusalém de 2000 anos atrás. No ano 70 dC aconteceu o que foi escrito: Jerusalém será pisada pelos gentios até que se cumpram os tempos das nações (Lc 21, 24). Ao mesmo tempo rotularam-se todas as vizinhanças num rádio de 18 km, transformando-as num deserto calcáreo que ainda subexiste. Mais tarde os romanos destruíram totalmente os restos da cidade na rebelião de Ben Kochba. Adriano fundou sobre as ruínas uma nova cidade, Aelia Capitolina. Duzentos anos mais tarde a Imperatriz Helena buscou e encontrou o Santo Sepulcro. Em 614 foi destruída pelos persas; em 637 conquistada pelo califa Omar; em 1072 pelos seljúcitas; em 1099 pelos cruzados cristãos; em 1187 pelo sultão Saladino e em 1617 pelos turcos osmalíes; em 1917 pelo exército inglês e em 1948 foi em parte conquistada pelas tropas judias, sendo dividida em duas partes com um único acesso: a porta de Maldelbaum. Na guerra relâmpago em 1967 Jerusalém foi reconquistada pelos judios, assim permanecendo até agora. O Muro das Lamentações: É o último resto do templo destruído pelos romanos. Está composto de gigantescos silhares de até 1.80 m de altura e 11 de comprimento. Onze fileiras estão cobertas pelas ruínas, 14 ainda são visíveis. Nas sextas feiras e dias de festa, homens de longas barbas grises beijam as pedras, chorando a destruição do templo. A CARAVANA: O Sinodia grego sunodia <4923> [comitatus latino] indica um caminhar juntos, uma caravana. Caminhavam dispostos em três seções: Na vanguarda, estavam os mais jovens dispostos a repelir os bandidos com bastões e até espadas. No centro, mulheres e crianças menores de doze anos e na retaguarda os mais velhos com os meninos maiores de doze anos. Os menores de doze anos podiam pois, estar com as mulheres ou com os anciãos. Somente à noite é que os membros de uma mesma família se encontravam. Geralmente acostumavam percorrer 32 km por dia. Mas isso dependia das fontes de água. A primeira jornada era até Bet-Horom a 16 km de Jerusalém, talvez pela dificuldade de encontrar água numa outra parada. No total eram três dias até a Galiléia. Foi assim que a ausência de Jesus, só foi notada ao fim da primeira jornada. Mais um dia de volta e mais um dia até encontrá-lo no templo. No tota,l os três dias de que fala o evangelista, a não ser que o numeral seja tomado no lugar do indefinido, no lugar de adjetivos que as línguas semitas carecem, como alguns, poucos, vários, etc. de modo que o número três deixa de ser um cardinal para se transformar em plural mais ou menos indefinido. O salmo 121 é o salmo dos peregrinos quando chegam à vista de Jerusalém: Que alegria quando me disseram : Vamos para a casa do Senhor! Já estão pisando nossos pés tuas portas, Jerusalém! Entre estes salmos chamados de Graduais, que eram cantados pelos peregrinos judeus em seu caminho para Jerusalém, está o De Profundis [desde as profundezas]. Eles cantam a chegada ao templo, a recepção pelos sacerdotes que nele habitam, sua exortação sapiencial e posterior bênção. Este grupo de salmos desde o 119 ao 133 (numeração hebraica) inclui não unicamente a última etapa da peregrinação e suas emoções à vista do templo e da cidade santa, mas também todas as partes do caminho desde o início até a sua culminação. São 15 salmos de subida ou progressivos, embora seja difícil delimitar cada etapa dado que freqüentemente o acento está nas experiências pessoais, em descrições de uma circunstância especial etc. Abarcam desde as motivações e preparativos (119) até a despedida do templo para iniciar o regresso (133). Assim como o trabalho agrícola é mais agradável acompanhado de cantos, numa peregrinação até a cidade santa e o templo, de uma duração relativamente longa cantar e salmodiar é tão espontâneo como construtivo, dado que a memória de Javé o torna presente como um companheiro a mais de caminho. Assim, a saída do Egito constitui a primeira jornada. O desterro e o retorno da Babilônia nos tempos de Esdras e Neemias, a segunda jornada. A influência dos profetas que atribui a Jerusalém ser luz das gentes que se dirigem a ela como cabeça da humanidade, a terceira jornada.
A VOLTA: E não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém, procurando-o(45). Et non invenientes regressi sunt in Hierusalem requirentes eum. A volta solitária deve ter acontecido, pois a caravana prosseguiria seu lento caminhar se afastando das terras de Jerusalém. Os judeus da época estavam acostumados a dormir na intempérie para o qual escolhiam uma pedra sobre a qual reclinavam a cabeça como um travesseiro, ( Gn 28, 11), que Jesus nem isso tinha como posse própria (Mt 8, 20). Dormiam envoltos na clâmide ou manto que lhes servia de cobertor. Por isso era importante que o manto fosse devolvido antes do anoitecer ao pobre que o tinha penhorado (Ex 22, 25).
O ENCONTRO: E sucedeu após três dias, o encontraram no templo, estando sentado no meio dos mestres e escutando-os e perguntando-os (46). Et factum est post triduum invenerunt illum in templo sedentem in medio doctorum audientem illos et interrogantem. Estavam maravilhados porém todos os seus ouvintes sobre sua inteligência e suas respostas(47). Stupebant autem omnes qui eum audiebant super prudentia et responsis eius. Os três dias foram contados assim: o primeiro até Bet-horon como caminho de volta para a Galiléia, pois era a cidade de referência onde água e mantimentos podiam se comprar. O segundo de volta e o terceiro, após uma breve busca, no templo. A palavra usada por Lucas didaskalwi [didaskaloi, doctores latino] não é a usual para designar os escribas (Nomikoi ou grammateis); didáskalos é a palavra com a qual Lucas designa o próprio Jesus (15 vezes) e que as línguas modernas traduzem por doutores. Há quem considere que no templo existia uma sinagoga e que nesta se ensinava a lei aos pequenos como em todas as demais da Palestina. Pode ser. Mas também era costume ensinar aos discípulos entre as colunas do pórtico de Salomão, como Jesus tinha costume de fazer no templo: "estava sentado ensinando"(Mt 26, 55). Que os discípulos perguntassem era comum. Assim foram as perguntas dos fariseus (Mt 22, 15+), dos saduceus (Mt 22, 23 +) e do doutor da lei (Mt 22, 41+). A Rabi Hanina se atribui este ditado: "Tenho aprendido muito dos meus mestres e mais dos meus condiscípulos...Porém de meus discípulos mais do que todos". Efetivamente, na ala leste do átrio dos gentios, coberta por um teto sustentado por colunas estava o pórtico de Salomão. Eram 112 colunas em fila formando duas fileiras sobre as quais descansava um teto que protegia do sol e da chuva. No lado que dava para a torrente de Cedron um muro de contenção de aproximadamente 150 m de altura transformava o templo numa fortaleza inexpugnável. Durante as manhãs o pórtico servia de sala de aula para os diversos mestres de Israel. O muro que dava para a torrente de Cedron impedia os raios do sol nascente e era o lugar onde em semicírculo o mestre lecionava estando seus discípulos ouvindo-o de pé ou sentados modo índio, como parece que foi o caso de Jesus. Geralmente o mestre se assentava sobre uma almofada que os discípulos preparavam de antemão. Logicamente os comentários eram sobre as Escrituras, pois os judeus da época pensavam que nelas estava contida toda a ciência necessária para uma vida feliz. Dizem que o muro foi inaugurado na festa da Dedicação [hanukah] também chamada das luzes para comemorar os dois milagres que narram as crônicas hebréias: o milagre de um punhado de soldados ter sobrevivido aos ataques do poderoso Antíoco Epífanes, o selêucida, e o milagre da luz. Segundo uma tradição antiga, as luzes do menorah, o candelabro dos sete braços, tinham sido extinguidas pelo selêucida. Quando os macabeus reconquistaram o templo, eles buscaram óleo fresco, bento para reacender a chama entre as ânforas do templo, escondidas nos porões do mesmo. Porém só encontraram o suficiente para um só dia. Usaram-no para reacender o candelabro e milagrosamente ele durou 8 dias. Daí que na festa, nos dias de hoje, nas casas, eles acendem oito lâmpadas uma a cada noite para comemorar este fato, acendendo a primeira chamada shamash ou servidora e com sua luz são acesas as outras, até que todo o candelabro aparece iluminado. É o candelabro de 8 braços. Jesus durante a festa se proclamou neste pórtico como luz do mundo (Jo 10 23) e os apóstolos o usaram para pregar a boa-nova em duas ocasiões segundo o livro dos Atos: 3,11 e 5, 12. Num inciso, o evangelista declara que a presença de Jesus, perante os mestres não foi um estar passivo, mas um comparecimento ativo que deixava todos admirados tanto pelas perguntas como pelas respostas cheias de sabedoria e bom senso.
A QUEIXA: E tendo-o visto, se admiraram, e a ele sua mãe disse: Filho, por que nos fizeste assim? Eis que teu pai e eu, angustiados, te buscávamos (48). Et videntes admirati sunt et dixit mater eius ad illum fili quid fecisti nobis sic ecce pater tuus et ego dolentes quaerebamus te. São duas as afirmações deste versículo: A admiração pelo fato de ver seu filho como um discípulo aproveitado entre os maiores doutores. E depois a queixa própria da angústia de quem, sem saber nada, perdeu um filho, ainda adolescente. A queixa ocupa o primeiro lugar e merece uma resposta. Maria chama José de pai e isto é de uma importância relevante para a hagiografia de S José. Para todos os efeitos ele era verdadeiro esposo de Maria e fazia o papel de pai de Jesus. Não unicamente Maria, mas Jesus chamava de pai a José tal e como os conterrâneos o faziam (Mt 13, 55).
A RESPOSTA: E lhes disse: Já que me buscáveis, não sabíeis que nas (coisas) do meu pai devo estar? (49). E eles não compreenderam a palavra que lhes falou (50). Ait ad illos quid est quod me quaerebatis nesciebatis quia in his quae Patris mei sunt oportet me esse. Et ipsi non intellexerunt verbum quod locutus est ad illos. Temos traduzido por já que o grego oti <3754> [‘oti, visto que, porque, entanto] que une a busca com a falta de conhecimento de onde deveriam encontrá-lo. Assim a queixa de Maria se transforma em reclamação por parte de Jesus. Esse lugar era en toiv [em tois, que pode significar nas coisas, negócios; mas que tem um significado próprio de casa, domicílio ou propriedade] que devemos traduzir por casa, ou seja templo, já que o verdadeiro Pai de Jesus era Deus. Podemos pois traduzir por: a) Na casa do meu Pai. Foi a preferida pelos padres da Igreja contra os gnósticos que rejeitavam o AT e o Deus dos hebreus. Com estas palavras Jesus declara ser seu Pai o mesmo que habitava o templo de Jerusalém, ou seja Jahveh (Sl 23,6). b) Nos assuntos do meu Pai: como a vulgata traduz o texto grego. c) Entre os amigos do meu Pai, pois os pais, Maria e José o buscaram inutilmente entre os consangüíneos e conhecidos. Em definitivo: A resposta é que não era entre estes últimos mas entre os que eram amigos e conhecidos do Pai. O verdadeiramente importante era que Jesus devia amoldar sua vida às exigências de seu Pai, exatamente como o diria com toda clareza em Mt 12, 48 quando o procuram seus parentes. O evangelista comenta que Maria e José não compreenderam as palavras de Jesus. Sabiam que o verdadeiro Pai era Deus, mas por que agora se afastar deles sem dizer uma palavra para angustiá-los? A vida pública de Jesus parece iniciar-se neste momento em que as obrigações para com os pais terrenos não são suficientes para impedir seus deveres verdadeiros. A incompreensão de Maria duraria inclusive até os momentos em que Jesus toma como único dever a pregação do reino (Mt 12, 46 e Mc 3, 31).
A FAMÍLIA DE NAZARÉ: E desceu com eles e veio a Nazaré e era-lhes obediente e sua mãe guardava todas estas as palavras em seu coração(51). Et descendit cum eis et venit Nazareth et erat subditus illis et mater eius conservabat omnia verba haec in corde suo. O termo desceu é técnico como tantos outros nos evangelhos que indicam claramente a historicidade dos mesmos. Era assim que se chamava qualquer ida ao norte pois Jerusalém estava na montanha e a Galiléia, especialmente a planície do Esdrelon e as margens do lago de Genesaret estavam francamente em níveis inferiores ao da montanha da Judéia. O evangelista afirma três coisas: 1) Nazaré seria a morada durante os anos da juventude e maturidade de Jesus. 2) Jesus se comportou como verdadeiro filho na família de José/Maria ou seja em total e submissa obediência. 3) Maria retinha todas as palavras [remata indica palavras e fatos a elas relacionados] conservadas em seu coração que hoje diríamos memória.
O CRESCIMENTO: E Jesus crescia em sabedoria e estatura e graça para com Deus e os homens(52). Et Iesus proficiebat sapientia aetate et gratia apud Deum et homines. Mais do que crescer a tradução seria fazia progressos, avançava. Sabedoria sofia <4860> [sofia, sapientia] atributo próprio de Deus que governa o mundo, criado por ele e qualidade que comunica aos homens para se guiar na vida. Diferente da gnosis ou simples conhecimento, a Sofia é uma virtude prática de como se conduzir com a prudência e o discernimento que oferece a verdade última em Deus alicerçada. A hlikia <2244> [Helikia que pode ser idade ou estatura corporal]. No grego clássico é idade. Mas Lucas traz um versículo em que é francamente estatura corporal (Lc 19, 40). Graça caris <5485> [charis, gratia] graça no sentido de favor, proteção, prerrogativa de parte de Deus e dos homens. Não podemos confundir esta graça como a que foi nos tempos de Lutero ocasião de disputa com os católicos, como parte da justificação. Podemos dizer que por parte de Deus, a graça constitui o conjunto de privilégios e favores concedidos por Deus a seus eleitos. De parte dos homens, é o conjunto de qualidades que tornam um sujeito agradável, amável, digno de admiração e louvor. Pedro afirmará no seu discurso diante de Cornélio que Jesus passou fazendo o bem (At 10, 18). É por isso que os homens o admiravam e consideravam digno de encômio. É notável ver como Lucas repete em 2,52 o que tinha dito em 2,40:"O menino crescia e se fortalecia, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava nele". Tomando como modelo 1 Samuel 2:26: "Mas o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do Senhor e dos homens". O único novo no Jesus de Lucas é o crescimento em sabedoria, sem dúvida uma clara conclusão de seu contato com os mestres de Israel. Porque a graça de Deus pode ser traduzida pelo "O senhor estava com ele". Graça aqui significa agrado, pois vemos como Lucas acomoda o dito de Samuel a Jesus. A medida que Jesus crescia ia mostrando com fatos a sua sabedoria e cada vez mais Deus estava com ele e os homens admiravam sua bondade de modo que mais e mais cada dia era digno da admiração e beneplácito de Deus e dos homens.

Falsos Messias do Judaímo


Sempre aparece uma alma iluminada
querendo ser o Messias prometido
apresentando suas questionáveis credenciais,
como se carimbadas por Deus.
Por rejeitarem o fidelíssimo retrato apresentado pelos
profetas, os judeus repetidas vezes abraçaram
qualquer um - qualquer um - que os convencesse
a luz do retrato - infiel - que eles mesmo criaram
sobre a pessoa do verdadeiro Ungido.
Esse processo ainda se repetirá algumas vezes
até que finalmente eles reconheçam por unanimidade
o seu tão esperado "Messias", á imagem
de seu falso retaro.
Mas, só se darão conta de seu grotesco erro,
quando for tarde demais.


quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Anti-semitismo revisitado.


Ariano é um termo cunhado sobre um povo desconhecido, que falava uma língua desconhecida, que viveu num país desconhecido, somente citado em sânscrito, escrito em Védico, conforme a religião de Zoroastro. O arianismo é baseado numa lenda sobre a superioridade, originalmente não argüida, de uma rara raça que jamais existiu... 6 MILHÕES DE PESSOAS MORRERAM como conseqüencia dos desdobramentos dessa anedota mentirosa. Dessa piada mortal.
Piada Mortal é uma Graphic Novell, uma história do Coringa, onde ele usa toda sua torpeza e oucura com intuito de ser assassinado pelo Batman. No final da revista, após uma sucessão de atos de demência do vilão, ele conta uma piada para o batman que decide a questão sobre sua possível recuperação.



A propósito do anti-semitismo
O termo "anti-semitismo", com suas conotações biológicas e raciais, foi usado pela primeira vez em 1879, por Wilhem Marr, fundador da famosa Liga Anti-Semita.
A expressão "anti-semitismo" tornou-se logo de uso corrente, encontrando um campo amplo para seu emprego. Amparando-se no culto da ciência, que se tornou muito popular a partir dos últimos vinte anos do século XIX, todos os postulados "científicos" do termo foram avidamente aceitos por determinados segmentos da ideologia nacionalista-patriótica.
Marr embasava o termo "anti-semitismo" com uma identidade racial, asseverando que o caráter "inato" dos judeus ou semitas – considerados descendentes de Sem, um dos três filhos de Noé mencionados no livro do Gênesis – era absolutamente oposto ao caráter "nobre e puro" dos arianos (Marr, ao dizer "arianos", tinha em mente os teutões e nórdicos, tais como alemães, austríacos, escandinavos, holandeses, ingleses, franceses etc.). Ele considerava, magnanimamente, que os judeus não podiam deixar de ser o que eram: homens "inferiores moral e fisicamente", porque a natureza os havia predeterminado a serem assim.
Essa mistura de contra-sensos pseudocientíficos era ministrada pelos raivosos racistas aos ignorantes e apáticos e só divertia ou irritava os eminentes homens de ciência daquela época.
De certa forma, o arianismo começou assim: no ano de 1808, o célebre estudioso do sânscrito Friedrich von Schlegel (católico casado com a filha de Moisés Mendelssohn, Dorothea) observou, no decurso de suas pesquisas filológicas, certa proximidade entre o persa e o sânscrito, de um lado, e as línguas teutônicas (alemão, sueco, holandês etc.), de outro. A partir dessas observações inteiramente acidentais e de outras realizadas por vários filólogos, ele elaborou uma hipótese para a origem dessas línguas "aparentadas": elas viriam de uma língua ancestral comum, o "ariano", supostamente falado por um povo chamado "ariano", que habitava a terra de "Ariana".
Nem é preciso dizer que o "ariano" era uma língua perdida e esquecida; os próprios "arianos" haviam desaparecido no bojo da história e a terra de "Ariana" era mencionada superficialmente no Zend Avesta, livro das escrituras semíticas do zoroastrismo persa, escrito por volta do ano de 1000 a.C. Não há, entretanto, qualquer indicação de onde estaria situada.
Foi nesses hipotéticos arianos, habitantes de um país hipotético chamado Ariana, que falavam uma língua hipotética, o ariano, que os anti-semitas do século XIX, entre os quais estavam professores, jornalistas e demagogos alemães, foram buscar as fontes de sua nobreza ancestral e de seu orgulho de fazer parte de uma "raça superior" da Humanidade. Não resta dúvida de que o sentimento nacional, que se seguiu ao triunfo espetacular dos alemães sobre os franceses na guerra franco-prussiana de 1870, estimulou enormemente o desenvolvimento do princípio "científico" anti-semita do arianismo, fazendo-o parecer convincente. Ao mesmo tempo, buscando inspiração na mesma fonte literária – o Zend Avesta – os anti-semitas do século XIX fizeram uma analogia entre o princípio zoroastriano da dualidade e da oposição mortal entre a deidade da luz (Ormuz) e a deidade das trevas (Arimã) e a oposição, igualmente mortal, que se supunha existir entre a raça ariana (a "raça superior" alemã) e a raça semítica (a "raça escrava" judia). A conclusão a que chegaram foi: assim como o deus persa da luz estava empenhado em eterna batalha com o deus das trevas, até que este último fosse derrotado – a raça ariana deveria encetar um combate mortal contra o judaísmo, até destruí-lo.
Quanto à "pureza racial", reivindicada pelos apologistas "arianos" em favor do povo alemão, o eminente antropólogo francês Pittard fez a seguinte observação: "Há tanta diferença entre um pomerano da costa do Báltico e um bávaro do maciço do Amer, quanto a que existe entre um cavalo e uma zebra." (Polskraiser: apud Clemesha, 1998, 68).
Nos anos intermediários entre a guerra franco-prussiana e a unificação de todos os estados alemães, em 1871, e a tomada do poder por Adolf Hitler, em 1932, havia na Alemanha um número relativamente grande de judeus, que prosperavam. Sob a orientação oportunística do príncipe Bismarck, que compreendia a reação e o liberalismo a um só tempo, os judeus conseguiram a emancipação civil total e, portanto, oportunidades iguais sob o ponto de vista jurídico em qualquer ramo de atividade. Não há dúvidas que, durante as três décadas finais do século XIX, a grande expansão comercial e industrial da Alemanha deu a muitos judeus uma oportunidade sem par. Muitos enriqueceram e se integraram aos pilares da sociedade, exercendo atividades tais como as de fabricante, negociante, banqueiro, médico, engenheiro, advogado, além de práticas culturais, como a música e a literatura.
Não será necessário insistir que o elemento de ressentimento permeou o pensamento de muitos anti-semitas com relação a seus compatriotas alemães de origem judaica. Desde que os Cavaleiros da Cruz, ao final do século XI, haviam-se expressado aos gritos de "Hab hab!" ("Dê, dê!"), os inimigos dos judeus em todos os países da Europa, nos séculos que se seguiram, passaram a encobrir sua cobiça pelo dinheiro e pelas posses dos judeus com a unção de um sentimento piedoso. Essa combinação de sentimentos foi, sem dúvida, a centelha que provocou a petição popular assinada por 300.000 cidadãos prussianos, em 1880 – a que se seguiram dois dias de violentos debates no Parlamento – requerendo do Marechal de Ferro (Bismarck) que excluísse os judeus de todas as escolas e universidades e que lhes proibisse ocupar qualquer cargo público. "A mistura do elemento semítico ao elemento germânico de nossa população demonstrou ser um fracasso. Temos que enfrentar agora a perda de nossa superioridade pela ascendência do judaísmo, cuja influência sempre crescente provém de características raciais que a nação alemã não pode e não deve tolerar, a não ser que deseje destruir a si mesma".
Quão diferente era o tratamento que dera Robespierre, durante a Revolução Francesa, aos propalados defeitos "judaicos" (como se outros povos também não tivessem as mesmas deficiências!). Falando aos delegados da Assembléia Nacional para solicitar que incluíssem os judeus nas provisões humanísticas dos Direitos do Homem, disse ele: "Os defeitos dos judeus provêm do rebaixamento a que vós (cristãos) os haveis submetido. Se elevarmos sua condição, rapidamente farão jus a ela." (Nyiszli: 1980, 189).
Segundo um dito antigo, "os judeus eram amaldiçoados por fazer e eram amaldiçoados por não fazer". O reverendo Dr. Stöcker, pregador de Potsdam (capital do estado de Brandenburg, junto a Berlim), favorito do Kaiser (o imperador alemão), declarou: "Os judeus são, simultaneamente, os pioneiros do capitalismo e do socialismo revolucionário, trabalhando assim pelos dois lados para destruir a atual ordem social e política." (Sartre: 1954, 76).
Os anti-semitas alemães, evidenciando sempre forte inclinação nacional para a metafísica, para a obtenção de conclusões "científicas" e para a elaboração de formulações precisas a partir delas, desenvolveram seu ódio aos judeus obedecendo a um sistema científico irrefutável – assim pensavam eles. Observa-se, freqüentemente, que sociedades ou grupos de homens, quando querem fazer parecer aos outros que suas ações são mais corretas e justificadas do que na realidade, tratam de adorná-las com racionalizações altissonantes de natureza intelectual, moral e legal, para assim disfarçar-lhes a má índole. Como observou, porém, o célebre jornalista e filósofo satírico judeu Max Nordau, (1849-1923), ao comentar acerbamente as proezas "intelectuais" dos anti-semitas: "Os pretextos variam, mas o ódio continua." (Clemesha 1998, 145)
O ódio dos anti-semitas na Alemanha e na Áustria perdurou, mas, a partir dos meados do século XIX, surgiu um pretexto novo, desta vez fornecido por intelectuais e professores – etnólogos, biólogos, psicólogos e historiadores – visando a supressão total e mesmo o extermínio físico dos judeus. Essa inovação foi liderada por dois homens: Conde Joseph Arthur de Gobineau (1816-1882) e Houston Stewart Chamberlain (1885-1927).
Gobineau, diplomata e orientalista francês, que publicou um "Ensaio Sobre a Desigualdade das Raças Humanas", em quatro volumes (Paris, 1853-1855), tomou como base de sua tese a visão dos judeus (semitas) como "uma raça mista" e que "tudo de grandioso, nobre e frutificador nas obras do homem [...] pertence a uma família (a ariana), cujos diferentes ramos reinam em todos os países civilizados do globo" (Gobineau apud Clemesha 1998, 93).
O outro mentor intelectual dos anti-semitas alemães, Chamberlain, era genro do compositor Richard Wagner que, por sua vez, havia atacado impiedosamente os judeus no seu ensaio nada musical "O Judaísmo na Música". Chamberlain foi autor da obra mais agressiva, talvez, já publicada a respeito de judeus, fazendo-a editar sob o título acadêmico e totalmente enganador "Os Fundamentos do Século XIX" (1899). A obra mereceu a aprovação entusiástica do Kaiser Guilherme II e dela foram vendidos quase um milhão de exemplares somente em língua alemã. Uma amostra típica do que o livro contém é a seguinte reflexão: "...a raça judaica está completamente abastardada, e sua existência é um crime contra as sagradas leis da vida..." (Chamberlain apud Correa Neto: 1980, 79).
Da "filosofia de desinfecção" às câmaras de gás nazistas, onde foram asfixiados seis milhões de judeus em 1940-45, a distância foi de poucos passos e de apenas sessenta anos.
Por falar em "sagradas leis da vida", outro inimigo do povo judeu, igualmente influente e devoto, o reverendo Dr. Adolf Stöcker, pregador da corte de Guilherme I e líder do bloco anti-semita do Reichstag (Parlamento), também entrou na arena como defensor da "santidade". Mas a santidade pela qual lutava era a chamada pureza do sangue alemão. Dizia ele: "...o judaísmo moderno é uma gota de sangue estrangeiro no corpo alemão – e tem poder destrutivo" (Nyiszli: 1980, 49). Foi Stöcker, fundador do Partido Socialista Cristão, em 1878, quem cunhou, naquela ocasião, a legenda que se tornou o grito de guerra dos nazistas contra os judeus, meio século depois: "Deutschland – erwache!" (Alemanha – desperta!). Os socialistas cristãos também adotaram em seu programa político uma plataforma central que exigia uma Alemanha que fosse "judenrein" (purificada de judeus).
Curiosamente, nessa preocupação com a pureza racial do povo alemão, Chamberlain e Stöcker, como também os outros líderes intelectuais do movimento anti-semita alemão, cada vez mais florescente – Wilhelm Marr, Hermann Ahlwardt, Heinrich von Treitschke, Conde Walter Puckler-Muskau e o filósofo Eugen Dühring – tinham idéias "científicas" análogas à limpeza, à pureza do sangue, que era a obsessão dos racistas espanhóis durante o século XIV.
O problema judaico não era mais da alçada da religião cristã. Os anti-semitas intelectuais, tais como os arruaceiros das cervejarias, opunham-se violentamente à conversão dos judeus ao cristianismo, devido à "mácula" que o "sangue judaico" traria à corrente puríssima de sangue germânico, através dos casamentos mistos.
Do alto de sua elevada eminência, o filósofo Dühring dava ao povo alemão o seguinte conselho genocida, quanto ao trato com os judeus: "não deveriam ficar inibidos por qualquer escrúpulo, e sim usar os mais modernos métodos de desinfecção" (Dühring apud Sartre 1954, 104). Dessa "filosofia de desinfecção" às câmaras de gás nazistas, onde foram asfixiados seis milhões de judeus em 1940-45, a distância foi de poucos passos e de apenas sessenta anos. (extraído de http://www.morasha.com/ - http://www.beth-shalom.com.br/)

O talmude

:: O Talmude ::
Texto: Pr. Pedro Apolinário


O Talmude é uma compilação de estudos, reunidos desde o tempo de Esdras até o sexto século de nossa era, contendo leis, poesias, orações, ritos, sermões, folclore, regras sobre o procedimento, mas especialmente comentários escriturísticos. Outra definição bastante sintética é esta: Talmude é um repositório de leis judaicas.
O termo Talmude vem do hebraico Lamad = aprender, vindo a significar depois ensino, instrução, estudo.
Todo o Talmude não é mais do que um esclarecido comentário à Bíblia, continuando a ser grande força e fonte do judaísmo.
Talmude é a sua exposição autorizada, dir-se-ia um complemento necessário à própria Bíblia.
O seu estudo tem-se constituído em uma das grandes missões dos judeus. Todos procuram nele a luz interna que ilumina e santifica os princípios bíblicos. Tem tido, através de todas as épocas os seus comentadores, muitos deles notáveis e célebres.
A preocupação com a lei, sua exposição e comentário é unta das notas tônicas em todas as páginas do Talmude.
Há dois talmudes: um elaborado em Babilônia e outro na Palestina. O da Palestina é conhecido pelo nome de Jerusalém e foi terminado no ano 400 A.D., enquanto o talmude de Babilônia, sendo mais completo, se concluiu cerca do ano 500 da nossa era.
A edição principal do Talmude Babilônico foi publicada em Veneza, entre os anos 1522 e 1523, em 12 volumes, sendo todas as edições posteriores reproduções exatas desta edição. O de Jerusalém foi publicado pela primeira vez também em Veneza, em 1523.
Os talmudes estão escritos em aramaico. O de Babilônia em dialeto oriental e o de Jerusalém no ocidental.
O Talmude consta de duas partes distintas: a primeira comum ao Babilônio e ao Palestiniano é a Mishná; a segunda é distinta, porque a parte realizada na Palestina tem o nome de Talmude, enquanto a elaborada em Babilônia é conhecida como Gemara (do aramaico – complemento).
A revista da Sociedade Bíblica "A Bíblia no Brasil", novembro e dezembro de 1980, págs. 22 e 23, trouxe um artigo de Ismael da Silva Júnior, que propicia melhor compreensão sobre este assunto. Leia-o com atenção:

O Talmude

"No início da Era Cristã, apareceu o Talmude, palavra hebraica que significa doutrinar, ensinar, interpretar, o qual nada mais é do que uma coleção de livros sagrados, preparados por alguns rabinos judeus, contendo um conjunto de leis, civis e religiosas, do povo descendente de Abraão.
Segundo alguns autores, o Talmude foi coligido em duas épocas diferentes. O primeiro volume por Judas e mais alguns rabinos hebreus. Esse Judas, cognominado o Santo, era descendente de Gamaliel, mestre de Saulo de Tarso, que viveu no II século da era Cristã.
Concordando com o pensamento dos fariseus, os seus autores admitiram a existência de uma tradição oral, transmitida por Moisés a Josué, a quem sucedeu na direção do povo de Deus, quando demandava a terra de Canaã, conforme está registrado em Deut. 31:1 a 8; e, por ele, aos anciãos do povo. Estes, por sua vez, fizeram com que chegasse aos profetas e à Grande Sinagoga e, por fim, a Igreja dos Hebreus. É isso, em termos gerais, o que afirma o Mispa. Ele foi preparado em virtude da grande dificuldade que havia na interpretação das leis do Pentateuco, ou dos cinco primeiros livros das Escrituras Sagradas, escritos por Moisés, sob a inspiração direta do Espírito Santo de Deus, conforme está escrito em Êx. 17:14 e 24:4.
Mais tarde os comentários críticos e gramaticais, juntamente com os da Tradição foram reunidos em um só volume, recebendo o nome de Massorá, que significa Tradição.
"O Talmude está dividido em duas partes: Misná e Gemara.
1. O Misná, que significa segunda Lei, é o compêndio onde estão registradas as leis tradicionais, preparadas pelo rabino Judas, o Santo, como já citamos acima. Está escrito em hebraico castiço, embora, nele, apareçam algumas palavras aramaicas, gregas e latinas. Está dividido em seis capítulos:
I. Iezaím, dedicado à agricultura. Ensina o que deve ser feito para o bom cultivo da terra, apresentando, ainda, as principais regras para o pagamento dos dízimos e das ofertas alçadas;
II. Moede, que determina como devem ser observadas as comemorações das festas nacionais;
III. Machim, que é um código que dá instruções às mulheres acerca do casamento e divórcio;
IV. Nezequim, que estuda os males causados nos homens, nos animais, etc., contendo, ainda regras para as contribuições mercantis e demais contratos que devem ser feitos pelo povo hebreu;
V. Cadachim, que é consagrado às coisas santificadas, às ofertas e ao serviço do templo;
VI. Tcharote, que estuda as coisas limpas e imundas, regras para interpretar o Misná. Apareceram, então, os comentários que, reunidos em volume, deram origem ao segundo volume do Talmude, chamado Gemara.
2. O Gemara é também conhecido por suplemento ou ampliação do Talmude. Existem dois Gemaras: um, de Jerusalém, compilado na Palestina, em 450 A.D., e, outro na Babilônia, talvez 50 anos depois. O primeiro consta apenas de um volume e o segundo de doze volumes. Estes últimos são os mais aceitos pelos hebreus.
No Talmude, existem muitas coisas ridículas e absurdas. Maimonada, célebre rabino do século XIII, residente na Espanha, procurando harmonizá-las, fez dele um resumo, a que chamou Machaxacor, que quer dizer Mão Forte, e que é considerado um código das leis completas, apreciáveis não tanto pelo seu fundo, mas pelo seu estilo, por seu método e pela ordem das matérias nele apresentadas."
Há nestes livros leis que regulam cada ato da vida, algumas minuciosas e cansativas.
Seria interessante a transcrição de uma parte das Leis talmúdicas, relativas ao dia de sábado.
Estas leis são provenientes do livro The Bridge Between the Testaments, páginas 106-108.
"Vamos considerar as leis do Talmude quanto ao sábado. Todos os detalhes referentes a esse assunto abrangem no Pentateuco o espaço limitado de cerca de quatro páginas, de formato de oitavo. No Talmude requer isso 156 páginas duplas ou, em outras palavras, um espaço 300 vezes maior. Esta lei sabática consiste de 24 capítulos de regulamentos minuciosos e de ordenanças. Seu principal propósito é, comentar e definir aquilo que está escrito no quarto mandamento do decálogo, proibindo o trabalho no sábado. Mencionam-se trinta e três espécies de trabalhos proibidos. Em seguida, o Misná procura definir com exatidão escrupulosa em que consiste o 'trabalho' e o que pode ou não ser permitido.
Por exemplo 'carregar' algo é proibido. Após muita discussão foi determinado o máximo de peso que pode ser 'carregado' como talvez o de um figo seco. Mas, se fosse carregada a metade de um figo em duas ocasiões diferentes, reunir-se-iam estes dois atos para serem um só e seria isto pecado?
Numa outra parte se lê: Aquele que tiver dor de dentes não pode fazer bochecho com vinagre e lançá-lo fora, pois isso seria como se tivesse usado remédio. No entanto poderá bochechar com vinagre e logo tragá-lo, o que seria como se tivesse tomado alimento.
Regras minuciosas são dadas quanto ao vestuário a ser usado no sábado de manhã, para que não fosse usada alguma peça de vestimenta que induzisse a algum trabalho. A mulher não pode sair com seus adornos, prendedores, colares ou anéis, pois em sua vaidade poderia tirá-los e mostrar a alguma amiga e novamente colocá-los, o que seria 'trabalho' e por conseguinte, pecado.
Também estava proibido às mulheres olharem ao espelho no dia de sábado, pois poderiam descobrir algum fio de cabelo branco e querer arrancá-lo, o que seria um grave pecado.
Aos sábados somente haviam de ser comidos alimentos que foram preparados num dia da semana. Mencionam-se cerca de cinqüenta casos semelhantes, nos quais os alimentos estavam proibidos. . . .
Era proibido 'atirar' algum objeto ao ar. Se o mesmo objeto havia sido atirado com a mão esquerda e fora apanhado com a direita, isso seria pecado? É uma interessante pergunta. Mas não havia discussão alguma quando o objeto fosse apanhado com a boca, pois nesse caso não haveria delito, sendo que se comeria o dito objeto que então desapareceria.
Quando pensamos que, segundo a norma da lei talmúdica, da qual apenas mencionamos pequena parte, tratando também dos contratos, jejuns, festas, injúrias, casamentos, dízimos e da higiene, tudo discriminado com semelhante minuciosidade, podemos bem compreender porque Cristo declarou que eles tinham removido, por suas tradições, todo o significado da lei."

Outras Determinações Sobre o Descanso Sabático

Pode-se dobrar as roupas até quatro ou cinco vezes, e estender os lençóis nas camas durante a noite de sábado, para usá-los nesse dia, mas não no sábado para (usar) depois dele ser concluído.
Pode-se guardar alimentos para três refeições. Se ocorrer um incêndio na noite de sábado, pode-se salvar alimento para três refeições; se for de manhã, pode-se salvar alimento para duas refeições; à (hora de) minhah, alimento para uma refeição. Disse R. José: Em todo tempo podemos salvar alimento para três refeições.
Algumas disposições revelam claramente que havia divergência de opiniões. São especialmente dignas de nota algumas divergências entre as escolas iniciadas por Hillel e Shammai, doutores da lei que alcançaram fama no fim do primeiro século antes de Cristo:
a) Regra de Beth Shammai (conservador): Não se deve vender (algo) a um gentio, ou ajudá-lo a carregar (um asno) . . . a menos que possa chegar a um lugar próximo; mas Beth Hillel o permite.
b) Shammai insistia que ao conseguir pássaros para o sacrifício num dia de festa, a escada não podia ser mudada dum pombal para outro, mas somente de uma abertura a outra do mesmo pombal. Hillel (mais liberal), porém, permitia ambas essas coisas.
c) Shammai permitia comer um ovo posto no sábado, mas Hillel o proibia, afirmando que a proibição de preparar alimento no sábado se aplicava não somente aos homens mas também às galinhas.
Era considerado ilegal expectorar sobre o solo porque assim talvez se estivesse regando uma planta.
Um princípio geral estabelecido pelo Rabi Aquiba:
"Toda espécie de trabalho que pode ser realizada na véspera do sábado, não invalida (quer dizer, não deve ser feito em) o sábado; mas o que não se pode fazer na véspera do sábado, isso invalida o sábado."
Estas determinações foram transcritas do Ministério Adventista - maio-junho de 1965.
Atos 1:12, faz referência ao caminho que poderia ser percorrido num sábado. A tradução de Almeida, Edição Revista e Atualizada no Brasil traz uma nota ao pé da página declarando que a jornada de um sábado era cerca de um quilômetro. Comentaristas mais precisos afirmam que corresponderia a mais ou menos 1.200 metros.
O Talmude como um livro escrito foi terminado no início da Idade Média, mas a sua influência tem sido poderosa na preservação da vida, costumes, leis, enfim em todos os aspectos do judaísmo através dos séculos em todos os lugares aonde este povo tem chegado.
Em tempos de pressões e perigos o Talmude oferece ao povo judeu uma tranqüilidade espiritual, tornando-se um oásis no qual ele se refugia em busca de paz e descanso.
O Talmude tem exercido grande influência sobre o povo judeu, desde que os educadores desta nação colocam como matéria primordial em suas escolas o estudo deste livro. A mente das crianças é alimentada por suas histórias e o povo em geral é ensinado a ter lealdade para com todas as sublimes tradições da Pátria.
Interpretações erradas de Parábolas e de muitos conceitos do Talmude fizeram com que na Idade Média se levantasse grande oposição a este livro de tradições judaicas.
Em conseqüência desta oposição ao livro, o Papa Gregório IX mandou queimar publicamente no dia 12 de junho de 1242 em Paris 24 carroças carregadas de manuscritos do Talmude. Esta informação me parece exagerada quando se tem informação do elevado preço para a aquisição de um manuscrito naqueles idos.
Na Itália muitos foram incinerados no ano de 1322. Em 1562 foi instituída a censura ao Talmude, existindo ainda hoje muitos exemplares com a marca dessa censura.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

O menino de vidro


Li...essa...tragédia curta...


O menino de vidro se aproximou da luz, que refletiu inteira pelo seu corpo diáfano. Ele estava triste, cansado, pesaroso. Não suportava mais permanecer naquele mesmo quarto. Queria sair, entrar em contato com a vida que pulsava fora dali. Mas tinha medo. Sabia que seria visto como uma aberração. Um ser incomum, translúcido, diferente de tudo que todos já viram. Mas ele era só um menino, cheio de desejos de menino, idéias de menino, sonhos de menino. Seus pais eram pessoas adoráveis e faziam de tudo para agradá-lo. Ele sabia que o seu quarto não era um cárcere. Era mais como uma bolha, um escudo, uma forma de protegê-lo do mundo. Só que a sua vida começava a exigir mais, e ele decidiu sair de seu quarto, de seu apartamento, de seu mundinho, descendo as escadarias para encarar a vida de frente. E por um instante, conseguiu esquecer que era um menino de vidro. Saiu para a rua e, ao andar pela calçada, tropeçou, caiu e se quebrou.

Certo fragmento do Evangelho


1. Descoberto um fragmento do Evangelho entre os documentos do Mar Morto.Um evento de uma importância histórica sem precedentes acaba de se dar, quando o papirólogo alemão Carsten Peter Thiede identificou entre os documentos encontrados na gruta 7 de Qumran, o mais antigo fragmento do Evangelho, no caso o evangelho de Marcos. Mais precisamente se trata dos versículos 52-53 do capítulo 6 deste evangelho. Outra papiróloga, a mais conceituada, confirma em caráter definitivo esta descoberta. Thiede foi mais além; examinou três fragmentos de um códex conservados na Universidade de Oxford, do evangelho de Matheus, capítulo 26, e os fez examinar pelo processo do Carbono 26, afim de determinar a sua idade que foi fixada no início do primeiro século da nossa era, em torno de 40 e 70dC. Como este manuscrito é escrito em forma de livro, isto indica que o evangelho é bem mais antigo pois os originais eram apresentados sob a forma de rolos. Além disto o conteúdo dos evangelhos se referem ao templo antes da destruição, isto é, mesmo antes de 41, isto é, a época de Herodes Antipas citado pelos evangelistas que ignoram totalmente Herodes Agrippa, rei da Judéia de 41 a 44dC, enquanto que o primeiro é situado entre 22 e 29dC.



Claude Tresmontant, da Sorbonne, defende a tese de que os evangelistas, foram contemporâneos de Jesus e verdadeiros repórteres da sua existência. Esta tese derruba a tese da teologia oficial segundo a qual os evangelhos foram escritos muito tempo depois da morte de Jesus. Estas descobertas reforçam ainda mais a versão histórica da existência de Jesus.Muito mais que isto; a descoberta integra Jesus à história de Israel. Pois como se sabe, a Escola dos Essênios era uma das correntes religiosas de Israel, ao mesmo título que os Saduceus e Fariseus. O seu mosteiro se situa à beira do Mar Morto em Qumran. Foi perto de lá que, em 1947, um beduíno de uma tribo nômade encontra dentro de grutas o que é conhecido hoje como os documentos do mar morto. Até agora, estes documentos continham entre outros, trechos do antigo testamento. Isto provocou grande entusiasmo nos meios religiosos judaicos, pois são os mais antigos documentos da Bíblia, sem os Evangelhos. Até agora inexistia prova histórica de qualquer ligação ou conhecimento de Jesus pelos praticantes da religião judaica da época.