Li...essa...tragédia curta...
O menino de vidro se aproximou da luz, que refletiu inteira pelo seu corpo diáfano. Ele estava triste, cansado, pesaroso. Não suportava mais permanecer naquele mesmo quarto. Queria sair, entrar em contato com a vida que pulsava fora dali. Mas tinha medo. Sabia que seria visto como uma aberração. Um ser incomum, translúcido, diferente de tudo que todos já viram. Mas ele era só um menino, cheio de desejos de menino, idéias de menino, sonhos de menino. Seus pais eram pessoas adoráveis e faziam de tudo para agradá-lo. Ele sabia que o seu quarto não era um cárcere. Era mais como uma bolha, um escudo, uma forma de protegê-lo do mundo. Só que a sua vida começava a exigir mais, e ele decidiu sair de seu quarto, de seu apartamento, de seu mundinho, descendo as escadarias para encarar a vida de frente. E por um instante, conseguiu esquecer que era um menino de vidro. Saiu para a rua e, ao andar pela calçada, tropeçou, caiu e se quebrou.
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