segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Juízes e Josué

O livro de Josué celebra a conquista. De fato: tribos nômades se infiltram por vales, instalando-se aos pés das colinas fortificadas onde se defendem. Num lugar combatem, noutro, fazem acordo, com o risco de serem assimilados.
Antes do século doze a.C., antes da tomada e ocupação da terra de Israel, temos ali uma população. Canaã no séc. treze a.C.
A Bíblia se refere a uma população pré-israelita integrada por canaanitas ou amoritas.
Nos dias do Império Egípcio, Canaã era o nome oficial de uma província ou distrito que abrangia o oeste de Israel, a maior parte da Fenícia e o sul da Síria. Canaanita seria uma designação de uma população, predominantemente semítica do noroeste desta província, densamente povoada ao longo da costa na Planície de Esdrelon e o vale do Jordão.
Amorita é uma palavra acádia que significa “ocidental”, que era usada no tempo patriarcal e antes como designação geral de vários povos semíticos do noroeste da Alta Mesopotâmia e Síria, donde vieram os antepassados de Israel. Estes nômades se infiltraram em Israel, e andaram vagueando e se estabeleceram no interior montanhoso. Vejam a distinção que a Bíblia faz Números 13:29 e Deuteronômio 1:7. Amoritas nas montanhas e canaanitas no litoral. Os termos são quase sinônimos.
É preciso ressaltar que havia também indo-arianos e hurrianos. Gênesis 14:6;36:20-30. Os hititas Gênesis 23:10; 25:9
As cidades eram bem construídas, com sólidas fortificações, esgotos, e em alguns casos (p.Ex. Jerusalém), poços eram escavados nas rochas para obtenção de fontes que garantiam o abastecimento de água em caso de cerco.
Os canaanitas eram gente de comércio, grandes exportadores de madeira, líderes na indústria têxtil e especialistas em tinta púrpura.
Antes do terceiro milênio a.C. , os canaanitas de Byblos aperfeiçoaram uma escrita silábica modelada na escrita egípcia.
No último período do Bronze os escribas canaanitas escreviam não só em acádio mas em outras linguas.
O deus pai El era nominalmente o deus principal. A principal divindade era Ba’al , título do antigo deus da tempestade semítico Hadad. Divindades femininas Asera (Jz:6:25 ss), Astarte (Astarote e Astoret, na Bíblia).
O livro de Josué narra de forma muito prodigiosa a conquista da terra, iniciando pela passagem do rio Jordão.
A instalação das tribos obedece aos critérios assumidos compromissos sócio-religiosos(Josué 1:10-18). As tribos tinham suas autoridades escolhidas para que pudessem representar dignamente os ideais do povo (Juízes 1:1ss).
Aos poucos os israelitas adotaram o “sistema” de doze tribos.
Na experiência que vivia o povo, temos o capítulo 17 de Juízes. O Senhor Deus torna-se um entre outros, idolatria. Em seguida temos o conflito entre tribos(Juízes 20:14-21,25) Veja a falta de consistência militar e força política das tribos (Josué 6:1ss)
A sociedade tribal era patriarcal em sua organização, mas sem estratificação. Apesar dos anciãos das tribos, em virtude da sua posição julgarem as disputas de acordo com o procedimento tradicional e serem considerados pela sabedoria de seus conselhos, não havia absolutamente nada que parecesse com um governo organizado.
Diz John Bright que a melhor maneira que temos de saber sobre as tribos é lendo o livro de Juízes. Ali vemos as tribos levando uma existência precária, cercadas de inimigos, mas sem governo organizado.
Em tempos de perigo surgia um juiz , homem sobre quem “descansava o Espírito do Senhor” (Jz.3:10; 14:6) e que convocava as tribos para repelir o inimigo. Sua força militar consistia no recrutamento das tribos. As tribos não eram obrigadas a atender as convocações do juiz, mas veja Jz.5:15-17,23. É bom ressaltar que o juiz não era rei. Sua autoridade não era permanente, e nem hereditário.
As possessões de Israel não constituíam uma unidade territorial perfeita. A faixa costeira como a planície de Esdrelon permaneceram fora de seu controle. Os israelitas que aí se estabeleceram ou se misturaram com os cananitas (Jz.1:31ss).
As tribos da Galiléia estavam separadas das outras pelas possessões cananitas em Esdrelon. Entre as tribos ocidentais e orientais ficava profundo vale do Jordão. A comunicação era dificultada por inúmeros vales laterais.
O periodo dos juízes foi uma adaptação e uma normalização. Transição para aqueles que estavam vindo do deserto para o modo de vida agrário.
O período dos juízes viu um progresso gradual, porém marcante, na economia de Israel. À medida que eles aprendiam a técnica, a cultura ia aumentando.
Uma questão séria, foi o início da tensão com a religião de Canaã. Muitas das pessoas absorvidas eram canaanitas. Membors de Israel, embora todos eles tinham tornado adoradores do Senhor . O fato é que havia aqueles que continuavam pagãos de coração. Supõe –se que santuários locais mantinham práticas pré-mosaicas, não combinando com a fé chamada Javista.
Os juízes de modo nenhum tinham o caráter idêntico. Mas nenhum deles conseguiu unir Israel para combater os inimigos. Um fato havia em comum: todos eram apresentados em épocas de perigo por suas qualidades pessoais (carisma).
O primeiro juiz Otoniel (Jz.3:7-11; Jz.3:12-30). E daí outros juízes.
Depois de uns duzentos anos de existência o “sistema” de tribos é derrubado pelos filisteus. Os filisteus dominavam a fundição do ferro (espadas e lanças), agora veja Israel 1º Samuel 13:19-22 Os filisteus chegaram não muito depois de Israel, e viveram conflitos intermitentes, durante quase todo período dos juízes. Neste contexto que surge Samuel. (1º Samuel 3:1-10: 1º Samuel 8:10-22)
Israel começa a se organizar como nação.

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